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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Paulo César Pinheiro: Letra e Alma' é conversa com poeta


Paulo César Pinheiro é um dos maiores compositores vivos da MPB. Dono de letras como Viagem, Pesadelo e Canto das Três Raças, ele se fez presente na música brasileira com canções que passeiam por diversos temas e estilos, sempre reverenciando a palavra e a poesia. Por isso, é tão gostoso assistir Paulo César Pinheiro: Letra e Alma, da programação do É Tudo Verdade.


Dirigido por Cleisson Vidal e Andrea Prates, o filme é praticamente um longo bate-papo com Paulo César Pinheiro sobre sua vida, carreira e obra, passeando por temas como inspiração, vida e morte. Além disso, pincelando a história da MPB enquanto ele fala, vemos momentos de destaque da carreira do compositor e poeta, de seu início no subúrbio aos grandes festivais.


Para quem gosta de Paulo César Pinheiro, ou pelo menos gosta de histórias sobre a música brasileira, é um deleite conhecer essas histórias, ainda mais da boca do carioca. Ele, afinal, é uma daquelas pessoas que guardam memórias como poucos, indo de relações próximas de Baden Powell e Pixinguinha até cantores e compositores mais recentes e contemporâneos.

No entanto, apesar de ser um filme feito com carinho, Cleisson Vidal e Andrea Prates não vão muito além do básico, deixando Paulo César Pinheiro: Letra e Alma com aquela cara cansativa de linha do tempo audiovisual, com alguns comentários e imagens de arquivo. Não há sacada narrativa, tampouco alguma estética criativa -- o preto e branco na entrevista não se justifica.


Além disso, fica uma sensação estranha quando o documentário passa por temas sensíveis ou pessoais da vida do retratado. A morte de Clara Nunes, esposa de Paulo na época de seu óbito, não gera nenhum tipo de comentário, de reflexão, nada. Ele diz que ela morreu e que depois casou novamente, teve filhos e acabou. Cadê a tentativa aqui de arrancar algo do compositor?


Faltam essas pessoalidades, se concentrando demais apenas na carreira de Paulo César Pinheiro. Quando começam a falar mais de pessoalidades, como a tristeza de ver uma geração que não olha para si e para as coisas ao redor, o filme acaba. Fica a sensação de oportunidade desperdiçada, em que poderíamos ter ido mais fundo na personalidade desse gênio da MPB.

 
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