É inevitável começar este texto fazendo uma comparação entre Patos! e Wish. As duas animações estreia no mesmo dia, nesta quinta, 4 de janeiro, e são de estúdios que estão há alguns anos brigando pela liderança desse mercado: o primeiro é da Illumination Entertainment, de Meu Malvado Favorito, e o outro é da Walt Disney Animation Studios. Um desavisado pode achar que a briga já está vencida pela casa do Mickey. Mas não é assim.
Enquanto Wish é um poço de insegurança e falta de criatividade, Patos! é exatamente o contrário. Dirigido pelo talentoso Benjamin Renner (dos lindíssimos A Raposa Má e Ernest et Célestine), o longa-metragem acompanha uma família de patos – um pai, uma mãe, um tio e um casal de filhos – que decide, após o patriarca vencer o medo, embarcar na onda de imigração com a chegada do inverno. O destino? A ensolarada e distante Jamaica, sonho dos patos.
A partir daí, sem mais delongas, acompanhamos um road movie onde esses patos voam por aí tentando encontrar o caminho do país caribenho. Como é típico nesse tipo de história, obstáculos vão surgindo. Desde uma garça bizarra, que oferece acolhida durante a noite, até o medo desses patos, que viveram a vida toda em um pacato lago, chegando na agitada Nova York. Ou pior: quando se deparam com um chef que prepara um delicioso prato na laranja.
Lembrando um pouco o formato de Procurando Nemo, mas substituindo a busca de um pai pela de uma família por um novo país para estar durante o verão, Patos! acerta em cheio ao não tentar encontrar significados em tudo. Há uma boa mensagem por trás do que é contado aqui, falando sobre a união da família e até mesmo a “síndrome do ninho vazio”, bem encaixada quando falamos de aves. Mas isso é apenas a consequência de uma história que é bem contada.
Afinal, nos importamos sinceramente com esses quatro patos voando por aí. O pai é uma graça por toda sua preocupação fraternal – lembrando, de novo, o Marlin, pai do Nemo –, enquanto a mãe inspira como um espírito livre em busca de aventura. Os filhos ainda estão formando personalidade, mas divertem pelo contraste. Ele começa a ter suas primeiras paixonites, já ela é aquela criança sem papas na língua e que fala o que pensa. Causa risos sinceros.
Em seu formato, assim, Patos! não inspira criatividade. A trama segue o bê-a-bá já bem conhecido, enquanto a animação não tenta ser uma reinvenção da roda como Gato de Botas 2, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e afins. Segue aquele padrão um tanto quanto monótono da Illumination. Mas isso tudo é perdoado, ou até ignorado, quando Patos! encontra seu coração em uma história que sabe ser divertida sem ser pedante.
A Illumination, depois de explorar os minions ao máximo, parece que encontram um novo caminho aqui ao pensar na família. Deixam aquelas histórias exageradamente bobas e infantis de lado para fazer com que todos, dos mais novos aos mais velhos, consigam dar boas risadas na sala de cinema. Enquanto a Disney tenta desesperadamente resgatar seu passado com Wish, a Illumination olha pro futuro e acerta. Patos! pode não ser uma reinvenção – e não é! Mas, com sua simplicidade, convence e agrada. É, sem dúvidas, o filme das férias.
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