Como é bom falar sobre o Pantanal, sua natureza e seu povo. É um ecossistema muito particular do Brasil, com animais de todos os tipos -- muitos deles, encontrados apenas ali, nesse ambiente encravado no coração do Brasil. Num tom que lembra Ser Tão Velho Cerrado, apesar da falta de genialidade na produção, chegou a vez de ir além da superfície desse ecossistema com o sutil e poético Pantanal: A Boa Inocência de Nossas Origens, estreia desta quinta-feira, 4.
Dirigido pela estreante Izabella Faya e por Eduardo Nunes (Unicórnio), o longa-metragem busca falar sobre as pessoas do Pantanal. Os chamados pantaneiros. Assim, numa mistura de figuras marcantes e algumas boas histórias, vamos conhecendo mais o dia a dia daquele povo, os mitos que os acompanham, os desafios de sobreviver naquela região. É um retrato bem feito e importante sobre aquelas pessoas, geralmente esquecida em detrimento de outras discussões.
Para acompanhar isso, Nunes e Faya colocam algumas imagens realmente deslumbrantes da região, ressaltando a natureza vivendo em harmonia -- na maioria das vezes, mas não em todas, vale dizer -- com os pantaneiros. A fotografia de Alex Araripe (Partideiros) ajuda a destacar ainda mais aquele ambiente e aquelas pessoas, enriquecendo ainda mais o documentário como um todo. Difícil não ficar encantado com a beleza daquele lugar, com suas particularidades.
Uma pena, porém, que a dupla de diretores não aprofunde um pouco mais as discussões em cima do Pantanal -- como Amazônia Groove fez falando sobre a música ou como o já citado Ser Tão Velho Cerrado fez sobre preservação. A sensação, nos pouco mais de 70 minutos de duração do longa, é de que as coisas não avançam de fato como esperado. Ficam ameaçando aprofundar, mas nunca chegam num ponto realmente em que o espectador é impactado com a narrativa.
Assim, não dá pra dizer que Pantanal: A Boa Inocência de Nossas Origens realmente traga alguma discussão memorável. É um filme bonito para ser assistido e apreciado, além de entender melhor sobre aquele povo tão esquecido, mas tão rico de histórias e de vida. Poderia ter ido além? Sem dúvidas. Fez falta, aqui, um roteiro mais afiado e que fosse além dos 70 e poucos minutos de duração. Mas tudo bem. Pelo menos traz um ponto de partida de reflexão.
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