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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Paddleton' é forte e emocionante drama da Netflix


Michael (Mark Duplass) e Andy (Ray Romano) são dois vizinhos que desenvolvem uma amizade inusitada, para dizer o mínimo. A conversa é breve, parece haver pouca intimidade entre eles. Mas, mesmo assim, ela possui momentos próprios, como quando assistam a um filme de kung-fu repetidamente ou quando se desafiam no paddleton, um estranho jogo criado por eles mesmos. No entanto, a amizade dos dois, que tem ares de romance adormecido e invisível, ganha ares dramáticos quando Michael é diagnosticado com câncer terminal. A saída que ele vê sem sofrimento é a eutanásia.

Esta é a premissa de Paddleton, inusitado e inesperado drama original da Netflix que chegou ao catálogo nesta sexta, 22. Dirigido por Alexandre Lehmann (Blue Jay), o longa-metragem, inicialmente, parece não se decidir entre o dramalhão pesado sobre morte e eutanásia -- como o terceiro ato de Menina de Ouro -- ou por uma dramédia leve e despretensiosa, que trataria o tema com estranha leveza. Acertadamente, o filme não vai para nenhum dos lados. É triste, sim. É dramático, sim. E tem seus momentos bobos e divertidos. Mas não deixa de tratar o tema, em momento algum, com o devido respeito.

Muito disso se deve às atuações da dupla Duplass (Complicações do Amor) e Romano (Doentes de Amor). O primeiro possui uma atuação mais contida, como é do feitio de seu personagem, e é que mais deixa transparecer sentimentos -- ainda que, assim, sejam represados a todo o momento. É ele que, de alguma maneira, segura o filme pra não cair na dramédia boba e sem sentido. Ele parece ser uma bússola, guiando a produção para o lado certo. Já Romano é a alma do filme. Sua voz ganha camadas numa atuação sutil, introspectiva. Nem parece ser o mesmo ator que dubla o mamute de A Era do Gelo.

Trabalhando em conjunto, com uma química impressionante para quem nunca tinha se encontrado antes no cinema, o filme ganha força. O roteiro de Duplass e Lehmann se encaminha por tramas por vezes estranhas -- como subtrama de road trip que aparece do nada e some com a mesma rapidez --, mas que acabam fazendo sentido no geral. É uma história que se revela aos poucos, no ritmo dos dois protagonistas, e que faz jus ao que está sendo contado. Pena, porém, que o ritmo fique demasiadamente lento em alguns momentos, mesmo sendo um filme de 89 minutos. Podia ser mais ágil, fluído.

O filme mostra toda sua sensibilidade, porém, quando chega nos 20 minutos finais. Ali, o tema da eutanásia é tratado com uma delicadeza rara, ainda que impactante, como foi feito no já mencionado Menina de Ouro e, também, no excelente Mar Adentro. A cena impressiona e emociona. Mas sempre com elegância, sutileza. Não vai além do que deveria. Assim, Paddleton é um drama delicado, inteligente, inusitado. É um filme que não é comum de ser visto na Netflix e que, dessa forma, merece atenção. Vale a visita.

 

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