O começo de Os Inventados, dramédia argentina exibida na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é interessante: um rapaz tímido decide participar de um retiro de atuação. Ele e mais quatro pessoas. A ideia é fazer com que seus colegas acreditem que você é outra pessoa -- alguém inventado pelos participantes ali, na hora, e que será seu personagem todo o tempo.
No entanto, logo de cara, as coisas ficam estranhas. O rapaz acorda no segundo dia do experimento e pluft: um dos participantes desapareceu. Ninguém mais lembra dele, sequer sabem de quem o protagonista está falando. E assim as coisas vão caminhando. Mais colegas vão sumindo, o clima vai ficando estranho, as coisas não se encaixam. O que está acontecendo?
Ao invés de investir nessa ideia que lembra E Não Sobrou Nenhum..., excelente livro de Agatha Christie anteriormente conhecido como O Caso dos Dez Negrinhos, o trio de diretores Leo Basilico, Nicolás Longinotti, Pablo Rodríguez Pandolfi mostram na prática como este é um filme feito a seis mãos: Os Inventados se perde totalmente no rumo, na forma de seguir a história.
Começa com um drama desse personagem, que luta contra a infância como cantor mirim, depois avança para esse interessante thriller dramático e, para finalizar, acaba abraçando um romance que não diz absolutamente nada. Não acrescenta ao longa-metragem, não faz a narrativa -- escrita pelo mesmo trio de diretores -- avançar e, tampouco, é interessante.
Dessa forma, Os Inventados termina de maneira torta: começou bem, avançou mal, se desenvolveu terrivelmente e, no final, tenta recuperar alguma essência desse thriller dramático, mas não adianta. Já foi, perdeu. Acaba sendo um exercício cênico interessante, quase que em uma metalinguagem, mas não é um filme inteligente a esse ponto. Uma pena. Tinha potencial.
Comments