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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Os Dois Filhos de Joseph' traz pouco conteúdo


Depois da morte de seu irmão, o médico Joseph Zuccarelli (Benoît Poelvoorde) entra em uma espécie de colapso emocional. Decide fechar seu consultório e, do dia pra noite, mergulhar na carreira de escritor. No entanto, essa mudança acaba afetando ainda mais a relação dele com seus dois filhos, Joachim (Vincent Lacoste) e Ivan (Mathieu Capella). O primeiro, estudante de psiquiatria, não consegue esquecer um antigo relacionamento. O outro, entrando na adolescência, começa a beber e ter paixões obsessivas na escola.

Esta é a trama-base do filme Os Dois Filhos de Joseph, do diretor e roteirista Félix Moati, que faz sua estreia atrás das câmeras. Num primeiro momento, parece que esta comédia francesa vai seguir pelo caminho de explorar comicamente as relações das pessoas. Como o cinema da França faz bem. A trilha a base de jazz e os atores, contidos em suas cenas, também dão esse sinal. No entanto, rapidamente, o longa-metragem cai para um filme sobre decadência pessoal. Depois vai pra galhofa e pra comédia juvenil.

Ou seja: Moati, na ânsia de fazer seu primeiro filme, não consegue decidir o que quer exatamente. Com 90 minutos de duração, o longa-metragem fica quase que sua totalidade num vai-e-vêm esquizofrênico estranho e desconfortável. A história, que começa com esse choque na vida do pai de família, parece que não caminha. Tudo é pouco explorado e explicado, aparecendo na tela aos trancos e barrancos. A sensação, ao final, é de que muito pouco aconteceu durante a exibição do filme. É angustiante.

Ainda, porém, que o elenco está afinado e consegue causar alguma diversão. Mathieu Capella é uma revelação estonteante. Ele consegue condensar vários sofrimentos e experimentações da adolescência em uma única cena. Tomara que continue na carreira. Vincent Lacoste não está tão brilhante como em seu recente papel no drama Amanda, mas se sai bem como um tipo galanteador. Um bom ator num papel mediano. A belíssima Anaïs Demoustier (Através do Fogo) aparece pouco em cena. Uma pena.

Já o experiente Benoît Poelvoorde (O Novíssimo Testamento) está apagado em grande parte do longa-metragem, mas chama a atenção numa cena em que desabafa para a namorada sobre os percalços da vida. A cena é emocionante, verdadeira, impactante. Se Moati tivesse seguido por esse caminho no filme todo, Os Dois Filhos de Joseph teria um resultado muito mais agradável. Mas, infelizmente, acaba de maneira morna, sem vida e sem causar um grande impacto no espectador, que vê tudo de maneira impassível.

* Este filme foi visto durante a cobertura especial do Festival Varilux de Cinema Francês 2019.

 

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