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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Os Aventureiros: A Origem' traz a essência dos filmes de Luccas Neto


Quase desisti de escrever este texto. Por mais que cinema deva ser encarado essencialmente como arte e não como produto, há de se admitir que Os Aventureiros: A Origem tem um público bastante definido: crianças, principalmente abaixo dos 10 anos, que já gostam dos conteúdos de Luccas Neto nos cinemas. Eu, definitivamente, não faço parte do "público-alvo" da produção.


Até por isso, pouco me impactou a história desses quatro amigos (Luccas Neto, Giovanna Alparone, Beatriz Couto, João Pessanha e Karol Alves) que vão para em outra dimensão -- a Cidade da Alegria. Lá, eles precisam ajudar os moradores a recuperarem as Pedras do Poder.


É uma história exageradamente simples, que segue aquela fórmula tradicional de personagens em busca de um objeto -- o que acaba movimentando a trama. É o tal MacGuffin. Em termos de roteiro, mesmo não sendo brilhante, é um filme correto, que segue o caminho esperado e que não comete grandes absurdos. Ponto para os roteiristas Carolina Minardi e Guilherme Ruiz.

O problema do filme, que me causa incômodo, mas que deve passar à margem para as crianças, é o elenco. Por mais que o diretor André Pellenz (Detetives do Prédio Azul) se esforce em ocultar esses problemas, não há mágica que resolva: ou os atores não se encaixam com a proposta de seus personagens ou, então, não são bons, trazendo uma artificialidade que quebra o filme.


Veja Luccas Neto, por exemplo: ele tem mais de 30 anos, barba na cara e, ainda assim, faz o papel de um adolescente em uma escola, com uniforme e tudo. Para quem não está habituado com esse universo infantojuvenil, vai estranhar e não vai conseguir mergulhar no filme. O mesmo vale para Beatriz Couto -- que, apesar da diferença de idade, consegue atuar bem aqui.


Por fim, apesar do bom trabalho de direção de arte para criar a Cidade da Alegria, tudo vai por água abaixo com figurinos que causam certo constrangimento no final (vide a imagem que abre o texto, por exemplo). Há um descompasso claro entre ideia e realização, entre personagens e atores, entre seus públicos. É um filme estranho, apesar de entregar exatamente o que quer.


Por isso, é difícil ter uma conclusão sobre Os Aventureiros: A Origem. Para parte do público, vai soar como algo realmente ruim, às vezes até mesmo desesperador. No entanto, para aqueles que sabem o que o filme vai entregar, é mais do que satisfatório. Um dilema complicado, mas é aquilo: cinema não é produto. Se fosse, até que seria bom. Como arte, parece teatro de escola.

 

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