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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Órfã 2: A Origem' é filme que não sustenta suspense


O filme A Órfã, de 2009, se tornou um sucesso instantâneo entre o grande público. Na época, o pouco conhecido cineasta Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera) comandou a história de uma família que adota Esther e logo as coisas ficam estranhas. O motivo, descobrimos já no final, é que ela não é criança. É, na verdade, uma mulher psicopata com nanismo. Agora, sua história é contada desde sua origem com Órfã 2: A Origem, estreias nos cinemas desta quinta-feira, 15


Dirigido desta vez por William Brent Bell (Boneco do Mal), o novo longa tem a missão de tapar os buracos do primeiro filme e, ao mesmo tempo, contar uma história interessante sobre como Esther surgiu e foi confundida com uma criança – afinal, como ela foi parar num orfanato? Qual foi a falha no sistema que originou isso? É uma missão complicada. De um lado, a memória afetiva das pessoas com o filme de 13 anos de vida. Por outro, essas obrigações da história.


Logo de cara, um problema que o efeito especial não resolve: a protagonista Isabelle Fuhrman. Ainda que esteja bem na telona, não há como negar que ela cresceu. Quando gravou A Órfã, tinha 11 anos. Gravou o segundo filme aos 24. Logo, ela não é mais a criança que pode ser vista como uma pessoa com nanismo. Tem 1,60m e dá para ver as marcas de uma pessoa que não é adolescente. Como convencer o público que essa história se passou antes do primeiro filme?

Brent Bell, consciente desse problema, tenta dar um jeito. São inúmeras as cenas de Esther de costas. Inclusive no pôster oficial. Quando faz planos abertos, o rosto está encoberto. E nem sempre isso funciona: várias vezes dá para perceber que é uma criança como dublê de Isabelle. Fica uma sensação estranha. Órfã 2 te tira do filme em momentos que deveriam ser um mergulho. Causa até um desconforto cômico, já que percebe-se essas tentativas frustradas.


O pior, porém, é uma reviravolta que encaixam na metade do filme e que quebra o arco de tensão do longa. Mas vamos por partes: o novo filme, assim como o de 2009, mostra Esther se adaptando à vida em família – ainda que, desta vez, entrando nessa rotina de maneira bem diferente. Só que enquanto no outro ficamos nos perguntando o que pode ser aquela estranha garota, aqui já sabemos. Por isso, Brent Bell precisa trabalhar com o suspense, não com o terror.


É o medo de saber o que Esther vai fazer, onde estará, como vai se portar. Será que ela está ali? Será que vai fazer alguma coisa com o pai, com a mãe, com o irmão? É um suspense que vai surgindo aos trancos e barrancos até que essa tal reviravolta desfaz tudo. A trama, assinada por David Coggeshall, David Leslie Johnson-McGoldrick e Alex Mace, muda de tom. A "mãe" passa a ter uma relação diferente com Esther e pronto. Pluft. O diretor não segura mais o suspense.


É uma das decisões narrativas mais bizarras do cinema dos últimos tempos. Não faz qualquer sentido. Ainda que a reviravolta em si cause um certo impacto, a forma como isso ressoa na trama a seguir é desastrosa. Órfã 2 se aproxima mais de uma comédia pastelão, se valendo inclusive da condição física da personagem para isso. Brent Bell tende até mesmo a abraçar o inusitado, mas não funciona. Se torna um filme vazio, sem qualquer propósito de existir.

 

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