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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Operação Fronteira' é bom, mas lento relato sobre a ganância


A fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina é conhecida por ser uma brutal terra sem lei. Afinal, a quantidade de fronteiras e a floresta que toma toda a região faz com que seja difícil monitorar tudo que acontece ali. É nessa região que se passa o filme Operação Fronteira, original da Netflix. Dirigido por J. C. Chandor (Até o Fim, O Ano Mais Violento), o longa-metragem acompanha a missão de Redfly (Ben Affleck), Ironhead (Charlie Hunnam), Ben (Garrett Hedlund), Catfish (Pedro Pascal) e Pope (Oscar Isaac), combatentes americanos que decidem fazer uma missão irregular, nessa região da América do Sul, para matar um poderoso traficante e, de quebra, levar alguns milhões.

Quem deixa se levar pelo trailer, pela sinopse oficial ou pelo pôster, pode achar que Operação Fronteira é mais um filme qualquer de ação. Quem for esperando isso, no entanto, vai se decepcionar. Assim como os outros filmes de Chandor, a condução da trama é lenta, reflexiva e a história é que toma conta de tudo. Sorte que o roteiro escrito pelo próprio Chandor e por Mark Boal (do oscarizado Guerra ao Terror) consegue segurar o rojão e compensa. Por mais que demore a engrenar, a trama é forte, muito bem amarrada e traz uma mensagem original sobre a ganância humana. Funciona.

O que surpreende, porém, é a afinidade do elenco. Para quem não sabe, Operação Fronteira é um filme que já passou por altos e baixos -- era para ser dirigido por Katherine Bigelow (Guerra ao Terror, A Hora Mais Escura), produzido pela Paramount e, em diferentes momentos, estrelado por Tom Hardy, Tom Hanks, Johnny Depp, Denzel Washington, Sean Penn ou Leonardo DiCaprio. Affleck (Liga da Justiça), Isaac (O Despertar da Força), Hunnam (Papillon), Pascal (Se a Rua Beale Falasse) e Hedlund (Mudbound) entra bem em seus papéis e convencem nessa ação militar irregular.

Pena, porém, que alguns pontos interessantes fiquem pelo caminho. Aspectos técnicos, por exemplo, são deixados de lado -- é o caso da trilha sonora e da fotografia, feitas respectivamente por Disasterpeace e por Roman Vasyanov. Poderiam agregar muito na história, principalmente na passagem dos Andes, mas acabam sendo um aspecto esquecível. O mesmo vale para algumas subtramas desperdiçadas, como da mulher que ajuda o quinteto principal, no momento que tentam se infiltrar na casa de um traficante, ou consequência de um acontecimento envolvendo o personagem de Ben Affleck.

Mas os pontos positivos são mais evidentes. Chandor dirige cenas com rigor, técnica e apuro visual e narrativo. Uma cena envolvendo a queda de um helicóptero, por exemplo, torna impossível a missão do espectador de desgrudar os olhos da tela -- algo de importância para uma produção de streaming. O final também é interessante. Traz alguns bons questionamentos, como uma autoindagação sobre o que o espectador faria naquelas situações. E, afinal, Operação Fronteira diverte e faz refletir, em medidas bem semelhantes. Só deve decepcionar os que buscam uma diversão descerebrada de ação.

 

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