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Foto do escritorTamires Lietti

Crítica: o único erro de 'Patti Cake$' é não durar mais


Eu diria que Patti Cake$ pode ser facilmente comparada com a Cinderela plus size dos subúrbios americanos. Mas é a Cinderela mais badass de todos os tempos.

Nunca tinha escutado o nome de Danielle MacDonald até ela dar vida à protagonista desse longa repleto de originalidade e inteligência emocional. Estava faltando um roteiro tão incomparável quanto o de Patti Cake$ por aí e, finalmente, conseguimos! De cara, a história de Patricia não nos parece tão original assim. A moça é uma jovem gorda, crescida nas “quebradas” de New Jersey, com problemas financeiros, uma relação rebelde com a mãe e um amor transcendental pela a avó, brilhante e comicamente interpretada por Cathy Moriarty. Até aí, seria possível desenvolver um longa com uma trama bem comum em Hollywood, certo? Mas é aí que o filme nos surpreende.

Loira e branca, Patti enfrenta uma série de empecilhos no que diz respeito a sua autoafirmação no mundo do rap, onde ela tanto almeja uma posição. E toda a descrença se vê potencializada por rappers que criticam sua aparência e pela mãe, uma cantora de carreira falida que não tem forças para incentivar a filha a seguir o mesmo caminho.

Incansável, Patti Cake trabalha em empregos terríveis para bancar seu sonho e gravar demos. Em uma de suas incansáveis andanças com um amigo parceiro que intitula a dupla formada por eles de “Thick and Thin”, ela conhece Basterd, o “príncipe” do filme. E eu garanto à vocês que ele não é nada parecido com o que vemos de balde por aí nas telonas.

Todo e qualquer personagem dentro de Patti Cake$ é extremamente bem desenvolvido e cativante. Com um retrato que julgo ser bem real das mazelas encontradas nas vielas do hip hop, o cansaço, frustração, garra e dor de Patti Cake bombardeiam o espectador. Eu diria que é meio impossível não se envolver em toda a trajetória da personagem em busca do sucesso. É exaustiva e inspiradora.

Além do roteiro e personagens incríveis, o filme de Jeremy tem um lado muito humano. Não sei dizer ao certo se o diretor pensou nisso propositalmente, mas nos deu uma protagonista muito “gente como a gente”: sonhadora, guerreira, mas um tanto quanto presa aos empecilhos da vida real. E tem algo mais verdade que isso?

Para finalizar, precisamos falar de Jeremy Casper. O cara é multifunção! A trilha sonora do filme foi inteira composta pelo próprio diretor. E que trilha sonora! Eu desafio você e não cantarolar o rap PBNJ por um dia todinho, sem nem perceber.

E quando você já está pensando, nos minutos finais do longa, que havia assistido um baita filme, ele nos dá mais. A composição final de Patti Cake arrepia até a nunca. Estou, até agora, tentando achá-la para ouvir online. A cena é linda, sensível e visceral. E é aí que digo que o único erro da produção é não nos dar um bônus da fase final de Patti. Saí do cinema querendo mais e querendo saber mais do futuro dos personagens. Principalmente de Patricia, que é aquela que pega os limões e faz uma limonada. Mas, quem degusta dela somos nós.

EXCELENTE

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