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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Telefone Preto' é thriller tenso com toques de horror


Scott Derrickson é, inegavelmente, um diretor de filmes de terror. Ainda que tenha Doutor Estranho no caminho, o cineasta americano comandou produções do calibre de A Entidade, Livrai-nos do Mal e O Exorcismo de Emily Rose. Todos eles absolutamente assustadores, dando um calafrio na espinha. Por isso é interessante ver como Derrickson levou suas influências desse cinema para O Telefone Preto, suspense que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 21.


Sim, suspense. Engana-se quem pensa que esta produção, inspirada em um conto de Joe Hill (filho de Stephen King), é horror -- em essência, é a história de um serial killer (Ethan Hawke) que rapta crianças de uma cidadezinha americana. Já o fio condutor é Finney (Mason Thames), um rapaz que tem apenas a sua irmã (Madeleine McGraw) como companhia numa vida marcada pela violência do pai e na escola, até que é raptado por essa figura misteriosa e perigosa.


Dentro dessa história, Derrickson mistura referências e influências. O terror está ali, em pequenos sustos bastante funcionais de Finney lidando com o tal telefone preto dentro do porão em que está preso. O primeiro deles, quando há uma aparição no local, é de pular da cadeira. Além disso, é interessante notar como a direção do cineasta e o design de produção de Patti Podesta (Amnésia) trazem referências do "universo Stephen King", deixando tudo mais próximo.

No entanto, O Telefone Preto é um suspense de sobrevivência, em que vemos esse garotinho tentando sobreviver antes e durante o sequestro. Em termos de história, isso é cativante. Ainda que o jovem estreante Mason Thames fique alguns degraus abaixo de todo potencial dramático de seu personagem em cena, devendo um pouco em cenas mais intensas, é fácil criar um vínculo com crianças e torcer por elas. Você quer que ele escape dali e fica tenso nas tentativas.


Além disso, Hawke (Antes do Amanhecer, Cavaleiro da Lua) está certeiro como esse violão excêntrico, estranho, problemático. A máscara, que parece uma mistura de horror japonês com Uma Noite de Crime, causa um distanciamento inicial. É um personagem frio. Só que, aos poucos, o ator coloca camadas que adensam a personalidade do personagem, aproximando o público daquela figura. Sacada excepcional da produção, que mudou o conto original.


Falando em boas atuações, que grande revelação é a pequena Madeleine McGraw (Homem-Formiga e a Vespa). Em um papel de uma garota extremamente extrovertida e companheira do irmão, ela rouba a cena quando aparece e consegue colocar uma leveza interessante dentro da obra. É o ponto de conexão entre o irmão, no cativeiro, com o mundo real. Fica a vontade de vê-la em mais projetos audiovisuais, explorando ainda mais essa sua percepção cênica cômica.


Enfim: O Telefone Preto é um filme tenso, cativante e que te deixa interessado na história. Ainda que um pouco banal em seu formato, contando a mesma história de sempre do sequestrador e da pessoa desesperada em seu cativeiro, o longa-metragem encontra saídas para ser original em sua estrutura, com boas referências, sustos pontuais e atuações que elevam a qualidade do filme como um todo. Vale a pena assistir nos cinemas, na sala escura, e ficar imerso na história.

 

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