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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘O Sequestro’ tira o fôlego até a história cair na mesmice

Atualizado: 11 de jan. de 2022


Halle Berry era uma estrela em franca ascensão nos anos 2000, quando estrelou filmes do quilate de X-Men: O Filme e o premiado A Última Ceia, com o qual a atriz norte-americana faturou a estatueta do Oscar. No entanto, um erro em sua carreira fez com que todo o seu trabalho fosse por água abaixo e transformasse Berry em uma estrela do passado. Hoje, a norte-americana tenta recuperar o fôlego de sua carreira com filmes que lembram os seus trabalhos do passado.

O Sequestro, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 21, é um desses. Muito parecido com o superestimado Chamada de Emergência, o filme tem uma trama que gira em torno de uma mãe que entra em desespero ao ver que seu pequeno filho foi raptado num parque por um estranho casal de irmãos. Ela, então, nem pensa duas vezes: pega o seu carro e começa um perseguição maluca nas estradas dos EUA, tentando alcançar e salvar o seu pequeno.

Antes de tudo, sejamos honestos: Halle Berry está ansiosa para voltar a fazer bons filmes. É visível nos olhos dela que a atriz não aguenta mais servir de coadjuvante de luxo em outros filmes, sem dar o mínimo destaque para seu trabalho. Em O Sequestro, então, a atriz se esforça. Quem vê o filme, sente o desespero da mãe. Com olhares, ela passa a força de uma mãe que quer resgatar o seu filho com o desespero de uma pessoa perdida, sem saber o que fazer.

No entanto, a trama escrita por Knate Lee (produtor de Jackass) não consegue imprimir o ritmo necessário para segurar o espectador. Apesar de um começo de tirar o fôlego, onde o diretor Luis Prieto (Contra o Tempo) consegue criar cenas de perseguição rodoviária de tirar o fôlego, a história acaba se repetindo e ficando na mesmice: a mãe corre atrás do filho, o alcança e perde de novo. Corre atrás, alcança e perde de novo. Fica chato para quem está assistindo.

O mesmo vale para a série de concessões feitas no roteiro com a verossimilhança daquela situação. Afinal, o carro da protagonista, por exemplo, sofre todo tipo de avaria: tiro, batida e tudo mais que você imaginar. Ainda assim, o automóvel continua funcionando perfeitamente como se nada tivesse acontecido. Não funciona e é um recurso cinematográfico que tira o espectador da trama. Erro grave de roteiro e mais grave do diretor, que não soube amenizar as cenas.

Outro erro também está nos vilões: caricatos demais e sem muito apelo, não convencem -- ainda que a audiência deva sentir alguma raiva pelo que eles fazem e pelo que causam em cena. A única coisa que dá alguns pontos a mais pra O Sequestro são as sequências finais, que trabalham com uma dose considerada de emoção. Assim como no começo, o público deve prender o fôlego nestas cenas. Ponto para Halle Berry, que também ajuda com uma atuação emocionante.

No final, porém, O Sequestro fica mais no mesmo. Não avança em nada e, apesar da boa atuação de Berry, nada muda em sua carreira também. É preciso algo bem maior do que isso para fazer com que sua carreira saia do naufrágio onde ficou presa. E se quiser ver um bom filme sobre o tema -- e com o mesmo nome -- corra para a Netflix e assista o filme El Secuestro, que tem a mão do espanhol Oriol Paulo. Bem melhor e bem mais inventivo do que esse aqui.

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