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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Protetor: Capítulo Final' mostra que há outro caminho para a ação


O cinema de ação está muito acelerado. Só pensando nas estreias de 2023, temos filmes como Velozes & Furiosos 10, John Wick: Baba Yaga, Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um, Transformers: O Despertar das Feras e por aí vai. São filmes que exageram na grandiosidade, para o bem e para o mal, e com ritmo aceleradíssimo -- alguns deles são apenas cenas de ação, quase sem roteiro. Por isso é tão bom ver um filme mais calmo como O Protetor: Capítulo Final.


Esse movimento do novo O Protetor é algo que foi conquistado, não abraçado desde o início da franquia. Afinal, quando o primeiro capítulo da saga de Robert McCall chegou aos cinemas, o diretor Antoine Fuqua adotou um tom mais acelerado para mostrar esse homem, aparentemente comum, matando pessoas para proteger uma garota (Chloë Grace Moretz). A diferença para este terceiro capítulo, assim, é gigantesca: Fuqua, agora, cozinha a trama.


Isso, lendo assim, pode soar ruim, como se o cineasta deixasse o espectador em ebulição, cansado de algo que não interessa. Mas não é isso, de forma alguma, o que acontece. Durante mais de 100 minutos, acompanhamos interessados McCall (Denzel Washington) vivendo na Itália. Depois de matar uma gangue, sozinho, ele acaba se mudando para uma charmosa cidade interiorana. Faz amigos, se importa com os outros. Vira o seu lar e tenta tocar a sua vida.

É aí que entram os vilões – que, assim como era na série original dos anos 1980, são vilões sem complexidade, com maldade correndo nas veias. Só que o enfrentamento não vem logo de cara. Fuqua, sabendo das qualidades artísticas do protagonista, coloca Denzel pra impressionar em cena. Convence como esse homem absolutamente violento, mas de bom coração, que está em busca de um lugar para chamar de seu. Os mafiosos são a pedra no caminho de McCall.


Assim, durante mais de uma hora de filme, vemos um filme que fica longe do que pensamos que é a ação – algo que aconteceu também, curiosamente, com Jogos Mortais X, que fica quase meia hora se aprofundando em um drama pessoal de John Kramer. Seria uma mudança proposital de Fuqua? Parece que sim. McCall está mais experiente, assim como o próprio diretor do filme.


Quando a ação chega, é bem filmada. Ainda que esconda um pouco mais da movimentação de Denzel, que agora está beirando os 70 anos, O Protetor: Capítulo Final sabe fazer cenas secas, sem muito alarde, e que valorizam o momento e a movimentação. Funciona. Depois de tanto tempo se envolvendo com os personagens, apesar de algumas falhas evidentes de roteiro (como uma espécie de envolvimento romântico de Robert), você apenas se importa. E isso é bom.


Enfim: O Protetor: Capítulo Final tem lá seus problemas de ritmo aqui e acolá, mas acerta como um filme que não entrega a pancadaria logo de cara. Há sugestão, como se fosse o tubarão de Spielberg espreitando. A ação, aqui, espreita. Olha. Assusta. E, com isso, o longa-metragem não só mostra como Denzel Washington é muito acima da média, como também que a ação não precisa ser sempre ritmo acelerado. Pode ser calma e, mesmo assim, empolgar e divertir.

 

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