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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Portal Secreto' tenta reproduzir 'Harry Potter', mas chega atrasado


Há um movimento quase natural no cinema que funciona como ondas. Um filme sobre determinado assunto faz sucesso e, logo em seguida, vários tentam trilhar o mesmo caminho -- como se fosse possível repetir a dose. Isso é algo que acontece com Harry Potter há tempos (e sem sucesso). Agora, nesta quinta-feira, 13, estreia mais um: o fraquinho O Portal Secreto.


Dirigido por Jeffrey Walker (de Modern Family), o longa-metragem conta a história de Paul (Patrick Gibson), um rapaz que consegue emprego em uma misteriosa firma de Londres. Ele inicia o trabalho, inclusive, sem entender qual sua função e o que a empresa faz. Aos poucos, porém, as coisas vão ficando claras: a companhia vive de pequenas mágicas no dia a dia.


No entanto, sob o comando de um carismático CEO (Christoph Waltz), as coisas parecem um pouco sombrias por lá. Alguns outros executivos da empresa temem algo que está acontecendo, mas nunca deixam claro qual é o temor. O comportamento sinistro do auxiliar Dennis (Sam Neill) também contribui pro clima de paranoia instaurado por lá. O que está havendo nos bastidores?

A partir daí, Walker cria uma trama de fantasia, com um forte clima londrino, que mistura esse rapaz entusiasmado (e ainda assim assustado) com o que vê ao redor, magia sendo feita sem uma clareza e, principalmente, com criaturas que aos poucos vão se revelando. É como se fosse uma reprise de A Pedra Filosofal, só que com um clima mais juvenil e atores mais velhos.


E faz sentido: afinal, O Portal Secreto chega com um atraso considerável nessa tentativa de absorver a história de Harry Potter. Mais do que emular, precisa tentar encontrar o público -- que está mais velho e em busca, talvez, de histórias mais maduras. Walker, assim, condiciona a história assinada por Leon Ford, e baseada no livro de Tom Holt, ao estigma da mesmice.


A trama parece ficar o tempo todo de se aproximar de coisas que já vimos, que já assistimos e que já aprovamos. É evidente o cansaço da história, que parece nunca ter espaço para ser o que realmente é. Quando o diretor solta um pouco as amarras, deixando ela fluir, é quando as coisas ficam mais interessantes -- como o uso da tal porta do título ou, então, piadinhas burocráticas.


Se O Portal Secreto não ficasse tão ávido em repetir fórmulas e soltasse suas amarras (inclusive do próprio livro, que deve ter esse mesmo anseio de repetição), poderia ser um filme bonitinho para os pequenos. Mas a ansiedade de seguir ondas, como sempre, estraga e o resultado final, além de cansativo, é genérico. Difícil, no final, saber quem é o público deste filme.

 

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