Há um movimento quase natural no cinema que funciona como ondas. Um filme sobre determinado assunto faz sucesso e, logo em seguida, vários tentam trilhar o mesmo caminho -- como se fosse possível repetir a dose. Isso é algo que acontece com Harry Potter há tempos (e sem sucesso). Agora, nesta quinta-feira, 13, estreia mais um: o fraquinho O Portal Secreto.
Dirigido por Jeffrey Walker (de Modern Family), o longa-metragem conta a história de Paul (Patrick Gibson), um rapaz que consegue emprego em uma misteriosa firma de Londres. Ele inicia o trabalho, inclusive, sem entender qual sua função e o que a empresa faz. Aos poucos, porém, as coisas vão ficando claras: a companhia vive de pequenas mágicas no dia a dia.
No entanto, sob o comando de um carismático CEO (Christoph Waltz), as coisas parecem um pouco sombrias por lá. Alguns outros executivos da empresa temem algo que está acontecendo, mas nunca deixam claro qual é o temor. O comportamento sinistro do auxiliar Dennis (Sam Neill) também contribui pro clima de paranoia instaurado por lá. O que está havendo nos bastidores?
A partir daí, Walker cria uma trama de fantasia, com um forte clima londrino, que mistura esse rapaz entusiasmado (e ainda assim assustado) com o que vê ao redor, magia sendo feita sem uma clareza e, principalmente, com criaturas que aos poucos vão se revelando. É como se fosse uma reprise de A Pedra Filosofal, só que com um clima mais juvenil e atores mais velhos.
E faz sentido: afinal, O Portal Secreto chega com um atraso considerável nessa tentativa de absorver a história de Harry Potter. Mais do que emular, precisa tentar encontrar o público -- que está mais velho e em busca, talvez, de histórias mais maduras. Walker, assim, condiciona a história assinada por Leon Ford, e baseada no livro de Tom Holt, ao estigma da mesmice.
A trama parece ficar o tempo todo de se aproximar de coisas que já vimos, que já assistimos e que já aprovamos. É evidente o cansaço da história, que parece nunca ter espaço para ser o que realmente é. Quando o diretor solta um pouco as amarras, deixando ela fluir, é quando as coisas ficam mais interessantes -- como o uso da tal porta do título ou, então, piadinhas burocráticas.
Se O Portal Secreto não ficasse tão ávido em repetir fórmulas e soltasse suas amarras (inclusive do próprio livro, que deve ter esse mesmo anseio de repetição), poderia ser um filme bonitinho para os pequenos. Mas a ansiedade de seguir ondas, como sempre, estraga e o resultado final, além de cansativo, é genérico. Difícil, no final, saber quem é o público deste filme.
Comments