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Giulia Costa

Crítica: 'O Pintassilgo' tem história envolvente, mas mal explorada


O Pintassilgo conta a história de Theodore Decker (Oakes Fegley e Ansel Elgort), um pré-adolescente que sobrevive a um atentado a bomba em um museu de Nova York, levando consigo a pintura homônima ao título, de Carel Fabritius, e um anel de um desconhecido. Com a mãe morta na tragédia e um pai ausente, Theo é abrigado temporariamente na casa da Sra. Barbour (Nicole Kidman), mãe do seu amigo Andy (Ryan Foust).

Ao procurar pela família do homem que o deixou com seu anel, Theo conhece a sobrinha e o sócio dele, Pippa (Ashleigh Cummings e Aimee Laurence) e Hobie (Jeffrey Wright). Ambos moram em um antiquário e se tornam seus amigos. É a partir daí que o protagonista descobre a seu gosto por antiguidades e se interessa pela venda dessas peças e de obras de artes.

Quando o jovem finalmente começa a se acostumar com a nova vida, seu pai (Luke Wilson) reaparece e o leva para morar em Las Vegas ao lado da sua namorada Xandra (Sarah Paulson). Em uma nova cidade e convivendo com uma família problemática, Theo conhece Boris (Aneurin Barnard e Finn Wolfhard) em sua nova escola, um ucraniano que se torna seu melhor amigo.

Baseado no romance de Donna Tart, livro ganhador do prêmio Pulitzer de Melhor Ficção em 2014, O Pintassilgo chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de outubro. Dirigido por John Crowley, o longa-metragem possui uma história interessante, sensível e envolvente, além de ser muito bonito visualmente.

O enredo oscila entre a pré-adolescência e a vida adulta do protagonista, o que poderia ter sido melhor elaborado tanto pela edição quanto pelo roteiro. A impressão é de que o foco era resumir o livro ao invés do desenvolvimento de aspectos essenciais da trama.

São usados vários flashbacks e uma narrativa não linear, o que poderia ser uma boa estratégia para tornar o longo filme mais dinâmico. No entanto, esses artifícios foram usados demasiadamente. Flashbacks iguais são feitos repetidamente e muitos parecem forçados, não acrescentando nada à trama.

A edição também poderia ser mais limpa e com menos cortes bruscos. Seria possível também eliminar alguns aspectos secundários do enredo para se aprofundar em personagens coadjuvantes. Enquanto alguns aspectos do filme recebem atenção demais, outros são entregues de forma apressada.

Os únicos personagens bem trabalhados de fato são Theo e Boris. A amizade entre a dupla é cativante, divertida e cheia de significados devido às famílias desestruturadas e ao passado conturbado e triste que os garotos, ainda tão jovens, já possuem. É fácil entender suas escolhas inapropriadas e a forma como lidam com a vida.

Em relação às atuações, vale destacar a interpretação de Finn Wolfhard como Boris, um personagem divertido e excêntrico na medida. Nicole Kidman e Sarah Paulson também estão ótimas apesar de não possuírem tanto tempo em tela, enquanto Luke Wilson se apresenta como um pai inconsequente bastante clichê. No geral, o elenco está bem.

No fim, resta um sentimento de que havia muito mais para ser explicado, principalmente quando se trata dos diversos personagens presentes no filme. Além disso, algumas resoluções de conflitos são superficiais e com pouco tempo para o espectador digerir o que aconteceu, especialmente no final do longa.

O Pintassilgo possui um enorme potencial que não foi devidamente explorado, mas ainda assim consegue manter o quem o assiste curioso. É possível compreender bem e aos poucos o grande vínculo entre Theo e a pintura secular que guardou consigo desde a tragédia que viveu.

 

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