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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Palestrante' brinca com existência de coachs sem exageros


Pode-se dizer que O Palestrante, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 4, traz um dream team de comediantes brasileiros. Fábio Porchat, Dani Calabresa, Letícia Lima, Miá Mello, Otávio Müller, Evandro Mesquita, Antonio Tabet, Maria Clara Gueiros... Tudo isso para contar a história de Guilherme (Porchat), um homem que está cansado da vida. Perdeu o emprego por conta de uma reorganização que ele mesmo bolou e descobriu que era corno da esposa (Lima).


A narrativa engrena de vez, porém, quando ele desembarca no aeroporto do Rio de Janeiro. Lá, ele se depara com aquele mar de plaquinhas com nomes estranhos. Nesse momento, em um rompante, ele decide deixar sua vida para trás e falar para uma mulher que ele é Marcelo. E aí, do nada, ele começa a encarnar o personagem: aceita a viagem oferecida por Denise (Calabresa), essa mulher aleatória no aeroporto, e diz que é um palestrante motivacional. Coach.


O roteiro de Cláudia Jouvin (Morto Não Fala) e do próprio Porchat, sob direção de Marcelo Antunez (Polícia Federal: A Lei é para Todos), passa a apresentar uma trama quase kafkiana. Quase, afinal, já que Porchat começa a ser bombardeado pelo mundo corporativo enquanto tenta fingir que é coach para um grupo de funcionários cansados (Müller, Miá Mello, Paulo Vieira), sem entender tudo aquilo. Ao mesmo tempo, porém, o roteiro trata de dar sobriedade à confusão.

Nesse ínterim, a maior fragilidade de O Palestrante é a estrutura rígida demais do roteiro. Preso em fórmulas tradicionais, o longa-metragem se revela óbvio logo de cara -- assim que Guilherme/Marcelo chega ao hotel em que fará as palestras motivacionais, já sabemos como a trama irá se desenvolver e terminar. Não há surpresas. Além disso, parece existir um medo de como tratar o tema. Coach, no geral, é uma piada. Mas aqui, há medo em rir desse profissional.


Os melhores momentos são quando os atores claramente se soltam em cena, expandindo piadas e momentos genuínos de diversão. Otávio Müller está absolutamente genial como esse funcionário cansado do emprego e de saco cheio da chefe. Sua atuação, próxima do clown, mostra como o ator tem controle da cena. O mesmo vale para Tabet, que faz um "Peçanha sem glúten", como ele próprio disse. Ele rende momentos de graça genuína. E o final é maravilhoso.


O Palestrante, sem dúvidas, seria um filme melhor se fosse mais ousado, se arriscasse mais e não ficasse com medo de fazer piadas e rir na cara de quem merece esse riso. Piadas mais soltas tornariam o filme mais impactante. Da maneira que ficou, é uma comédia nacional divertida e gostosa de assistir, ainda que nem um pouco memorável, mas que provavelmente irá agradar os que buscam apenas alguns minutos de boa diversão e piadas feitas sob medida.

 

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