top of page

Crítica: ‘O Estrangeiro’ é bom filme de ação com Jackie Chan

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 10 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 11 de jan. de 2022


O astro chinês Jackie Chan ficou marcado ao longo de sua carreira com papéis em filmes que misturam ação e comédia, gerando títulos como A Hora do Rush e Volta ao Mundo em 80 Dias. Porém, como qualquer ator preso à papéis, a fórmula secou aos poucos e Chan sumiu. Agora, ele tenta voltar ao brilhantismo de outros tempos com O Estrangeiro, longa de ação dramático que conta com atuações muito mais sérias e uma intrincada trama política. Será a volta do astro?

No centro da história temos Quan (Chan), um dono de restaurante em Londres que vê sua vida ir por água abaixo quando a filha é morta num atentado terrorista. A partir daí, ele volta ao seu treinamento militar e começa uma intensa perseguição aos políticos envolvidos na investigação. Dentre eles, o vice-ministro da Irlanda, o misteriosos Liam Hennessey (Pierce Brosnan, fazendo seu papel de sempre). É uma desesperada e urgente tentativa de fazer a Justiça acontecer.

Antes de tudo, é preciso dizer: que surpresa a atuação de Jackie Chan. Quem acompanha os seus filmes comerciais está acostumado com o astro chinês em cenas de luta cheias de cortes e com coreografias mirabolantes. Por trás, só um fio de interpretação. Em seu novo filme, porém, as coisas estão diferentes: Chan consegue dar uma tristeza dura para o seu personagem e impressiona, aos 63 anos, com cenas de ação fortes, quase sem cortes e de uma crueza avassaladora.

É ele, então, que consegue dar força para a história nos primeiros minutos. Afinal, Brosnan está bem e até mesmo acaba se tornando o protagonista do filme no lugar de Chan. Mas o seu papel é apenas uma pequena variação do que já foi visto em longas como o péssimo Urge e até no recente Invasão de Privacidade. Ele é funcional dentro do que o filme precisa, mas não vai além. Se tivessem deixado maior tempo de tela com Chan, o resultado seria um pouco melhor.

Ainda assim, porém, não vamos tirar os méritos do filme. O roteiro é raso, dando soluções fáceis para as complicações encontradas, mas faz o que cumpre e ainda desmistifica a tal figura terrorista que Hollywood insiste em reafirmar a cada filme. Há, também, uma ou outra reviravolta interessante, ainda que previsível, e boas situações políticas orquestradas nos bastidores. Não é um roteiro genial, mas funciona. É uma mistura de John Wick com Busca Implacável.

O que ajuda a sustentar o filme, junto com a atuação de Chan, é a surpreendente direção de Martin Campbell. Apesar de experiente, o cineasta tem uma carreira instável: ele dirigiu os ótimos 007: Cassino Royale e 007: Contra GoldenEye, assim como também foi o grande responsável pela bomba Lanterna Verde. Pois é. Em O Estrangeiro, porém, Campbell é feliz ao unir drama com ação e consegue deixar o espectador vidrado na tela em algumas cenas específicas.

Há uma sequência em um aeroporto, por exemplo, que dá vontade de levantar da poltrona. Ele também é feliz ao filmar as cenas de luta com Chan de maneira crua e direta, sem toda a firula que o astro chinês está acostumado. Uma passagem em específico é sensacional e é possível ver que Chan ainda está em forma. Tudo isso visando o realismo, mostrando todas as limitações do protagonista e, ainda, mostrando que ele pode sofrer e levar a pior em algumas situações.

Por fim, O Estrangeiro peca com um trama rasa e que deixa alguns fios soltos, além de dar protagonismo para o personagem banal de Brosnan. Ainda assim, porém, a ótima atuação de Chan e a direção firme de Campbell, que consegue imprimir um bom ritmo ao filme, faz com que o longa-metragem ganhe pontos e se torne uma obra singular na carreira do astro chinês. Há, ainda, uma deixa para continuações. Talvez Chan volte ao cinema internacional aqui. Eu, particularmente, estou na torcida.

Comments


bottom of page