top of page
Buscar
Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Diabo no Tribunal', da Netflix, perde uma grande oportunidade


Já falei mais de uma vez aqui como filmes de exorcistas sempre batem na mesma (e ultrapassada tecla) de bem versus mal, religião versus demônio e por aí vai. É uma conversa bipartidarizada e que parece nunca encontrar outra solução senão padres e demologistas. Por isso O Diabo no Tribunal, estreia da Netflix desta quarta-feira, 17, poderia ser um documentário realmente bom, quebrando mitos e ideias. No entanto, o filme perde sua grande oportunidade.


Dirigido por Chris Holt, que também assina o roteiro, o longa-metragem tem um foco específico: falar sobre um caso emblemático da carreira de Ed e Lorraine Warren. Mais especificamente, sobre o rapaz que se viu possuído, matou o amigo e depois alegou que não lembrava de nada.


Curto, com pouco mais de 1h20, o documentário começa apresentando todos os envolvidos. O primeiro garotinho possuído, seus irmãos, fitas de gravaram tudo o que aconteceu e, é claro, esse cunhado que também foi possuído e matou um "amigo". Tudo é muito estranho, encaixa como uma luva. Será que o documentário terá coragem de contestar tudo que foi contado?


Sim, essa contestação chega. Mas tarde demais. É apenas nos últimos 10 ou 15 minutos que Holt, depois de passar o filme inteiro apresentando as evidências do caso exaustivamente, fala sobre as suspeitas que existem de que tudo não passava de uma grande confusão, aproveitada de maneira oportunista por Ed, Lorraine e outros. É justamente quando o filme ganha impulso, que atrai nossa atenção e... nos minutos seguintes, deixa isso de lado de novo e termina por ali.


É frustrante. Ao invés de questionar as bases do exorcismos e, principalmente, do mito que foi criado ao redor de Ed e Lorraine Warren, o filme parece que fica com medo de ir para os finalmentes. Para na metade, cortando a conversa. Fica a sensação de que gastou muito tempo com o que todo mundo já sabe e, quando precisava mostrar as caras, resolveu sair correndo.


Faltou ousadia para Holt perceber que sua história não era sobre a possessão demoníaca ou o julgamento no tribunal, mas sim sobre as dúvidas que pairam sobre o caso e como o exorcismo pode ser, na verdade, uma forma de aproveitadores usurparem. O filme, pena, ficou no caminho.

 

0 comentário
bottom of page