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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Date Perfeito', da Netflix, é filme bobinho e inofensivo


Aos 7 minutos de filme, já é possível sacar qual seria o final da história de O Date Perfeito, nova aposta da Netflix para o segmento de comédias românticas adolescentes. No entanto, que surpresa: apesar da conclusão da história ser o esperado, seu desenrolar é diferente. Moderno, inusitado em alguns pontos. Genuinamente engraçado, bem atuado. É uma boa surpresa, ainda que termine previsível como qualquer outra produção da empresa de streaming. É um filme bobinho, inofensivo. Mas divertido.

A trama acompanha a história de Brooks (Noah Centineo), um garoto que está fazendo de tudo para entrar em Yale. Dentre outras coisas, ele resolve criar um aplicativo, junto de seu melhor amigo, para fazer bicos como acompanhante express. Nada de sexualização nessa sua tarefa, porém. É acompanhante de fato. Vai em lugares junto com a pessoa, assume papéis -- como o de um rapaz boca suja para chocar os pais de uma garota. Tudo para juntar dinheiro e conseguir, talvez, pagar a faculdade na íntegra.

Ao mesmo tempo, além disso, Brooks também vê uma amizade genuína nascer com Celia Lieberman (Laura Marano). Descolada e sem ligar muito para o que os outros dizem, ela acaba criando uma relação inusitada com o protagonista após usar de seus serviços. E a partir daí, as coisas vão se desenrolando -- já dá pra imaginar o final, né?

Inicialmente, O Date Perfeito parece apenas uma modernização jovenzinha de Namorada de Aluguel. E de fato: não há grandes surpresas no escopo da história, que segue o padrão básico de comédias românticas. O que surpreende, mesmo, são algumas pequenas coisas que conduzem até a conclusão previsível. As atitudes de Celia, o humor despojado de Brooks , as interessantes relações familiares. São pequenos diferenciais que vão chamando a atenção e ajudando a pintar um quadro geral diferente.

Além disso, Noah Centineo (Para Todos os Garotos que Já Amei) e Laura Marano (Lady Bird) possuem uma boa química em tela e que ajuda a elevar o filme. Nada parecido com uma química de Richard Gere e Julia Roberts, para ficar no âmbito das comédias românticas, mas que fica bem acima do que a Netflix apresentou até agora. Não dá nem pra comparar com o péssimo A Barraca do Beijo, por exemplo. Vale ressaltar, também, a boa atuação de Centineo nos momentos de acompanhante. Se sai bem nas mudanças.

Porém, não dá pra ignorar os erros, os clichês, as mesmices. Há pequenas coisas diferentes, como ressaltado, mas nada que choque, surpreenda, se faça memorável. A última coisa que um filme fez isso no gênero das comédias românticas foi Uma Questão de Tempo. De resto, um mesmo escopo com pequenas gracinhas de diferença. O Date Perfeito acerta nessas pequenas mudanças mas, de novo, não dá pra ignorar o fato de que são pequenas. A partir do que foi construído, é uma história que podia ir além.

O Date Perfeito, assim, é um filme divertidinho, inofensivo e bobinho que não vai fazer mal algum. As pessoas vão rir, vão se emocionar, se divertir. Mas é aquilo: não vai ser memorável pra ninguém. Logo que sair mais uma comédia romântica na Netflix, tudo vai ser esquecido. Vale pelas tentativas, pela direção segura de Chris Nelson (Saindo do Armário), pelo roteiro divertido de Steve Bloom e Randall Green, pelas boas atuações de Centineo e Marano. Um filme nada demais, mas que também não peca por ser de menos.

 

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