Fiquei bastante impressionado com O Clube das Mulheres de Negócios, longa-metragem que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 28. Impressionado, porém, no sentido negativo da coisa: a cineasta Anna Muylaert (de Que Horas Ela Volta?) faz uma espécie de fábula às avessas. Na trama, um grupo de mulheres se reúne para definir o futuro de um clube de negócios que tocam.
O ponto central do filme é que há uma inversão de papéis sociais na história. As mulheres se comportam como homens: são grosseiras, ofensivas, agem muitas vezes com truculência excessiva, são corruptas e, até mesmo, abusivas. Os homens na trama, enquanto isso, fazem as vezes de mulheres, seja nas vestimentas curtas ou no comportamento, mais nas margens.
É uma boa ideia? É. Mas o longa-metragem não sabe como segurar a complexidade da inversão de papéis. Por mais que seja óbvio que há uma cutucada aqui em termos de como é ridículo esse comportamento masculino tóxico e abusivo, a ideia que fica é que O Clube das Mulheres de Negócios está mostrando que o mundo às avessas continua com os mesmos problemas.
É como se fosse um filme que nasce a partir da frase de que "feminismo e machismo" são a mesma coisa. No poder, as mulheres repetem os mesmos padrões -- há até uma cena esdrúxula de abuso, bastante despropositada. De novo: é claro que há uma tentativa de fazer com que o comportamento masculino seja ridicularizado, mas o tiro sai pela culatra.
Em uma metáfora muito frágil, o filme abre brechas para ser compreendido dessa maneira tão torta. No final, Muylaert corre para tentar corrigir o significado da história, explicitando a metáfora com um didatismo que, de tão bobo, não cumpre seu papel. Continua ficando nessa área nebulosa, em que O Clube das Mulheres de Negócios parece atentar contra as mulheres.
Pelo menos, o que faz com que o filme cresça em alguns aspectos, as atuações são poderosas: nomes como Irene Ravache, Louise Cardoso, Maria Bopp, Luis Miranda, Katiuscia Canoro e a grandiosa Cristina Pereira ajudam a elevar o tom da narrativa -- principalmente quando agem de forma dissimulada. Se não fosse o elenco, Muylaert estaria perdida em um filme vazio.