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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Chão sob Meus Pés' é filme frio e sem foco


Lola Wegenstein (Valerie Pachner) é uma executiva de sucesso numa consultoria, mas que está ruindo por dentro. Sua irmã Conny (Pia Hierzegger) está com graves problemas psicológicos e, por isso, internada num hospital especial. Enquanto isso, nos bastidores de seu trabalho, ela se mantém numa relação escondida com sua chefe (Mavie Hörbiger) enquanto almeja novos saltos.


Esta é a trama central de O Chão sob Meus Pés, novo longa-metragem da diretora Marie Kreutzer (Die Vaterlosen) que se debruça sobre uma mulher sofrendo de burnout e de um grave esgotamento emocional. Afinal, tudo está ruindo, tudo está em frangalhos. O que parece bem num momento está mal em outro. É uma vida complicada, cheia de altos e baixos desafiadores.


O fato, porém, é que Kreutzer trata essa história, tão potente e com deixas emocionais, da maneira mais fria e distante possível. Lola está sempre sofrendo na tela, sem criar vínculos reais com o espectador. Não há escape para sua personagem, assim como não o momento de explosão tão ensejado pelo roteiro confuso da própria Kreutzer. Tudo fica num meio termo.

Além disso, é estranho o tratamento que a cineasta dá à atriz Valerie Pachner (Uma Vida Oculta). Ela sempre parece estar sendo podada de ir além, seja em intensidade ou queda em uma depressão, por exemplo. Ela precisa acompanhar a intensidade que Kreutzer dá à protagonista, ficando restrita em termos interpretativos. Falta intensidade, apesar da tristeza de seus dias.


Um outro ponto complicado de O Chão sob Meus Pés é a falta de foco do roteiro. O filme fala sobre o isolamento e a complicação emocional na vida de Lola, claro. Mas acaba atirando para elementos. Há a relação entre ela e a chefe, o amor homossexual escondido, o machismo no ambiente de trabalho, os problemas psicológicos da irmã, o assédio, a confusão no trabalho.


É muita coisa. E esse amontoado de acontecimentos acaba enfraquecendo o cerne da narrativa, que se perde nos 108 minutos de duração do longa. Fica tudo desfocado, sem rumo. O espectador tateia em busca de um sentido, mas não encontra. Nem ao menos o final, por mais forte e realista que seja, oferece respostas ao espectador, que anseia em encontrar sentidos.


Dessa forma, O Chão sob Meus Pés que possui uma história forte, real e interessante, mas escondida sob excessos e exageros desnecessários da diretora e roteirista Marie Kreutzer. Pode ser que públicos bem específicos se encontrem e se identifiquem nessa histórias, mas a maioria deverá se decepcionar com o conteúdo confuso que hão de encontrar. Uma pena. Filme perdido.

 
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