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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Chamado 4: Samara Ressurge' é filme divertido que não dá medo nenhum


É complexo acompanhar a franquia de O Chamado. São produções de dois países, Japão e Estados Unidos, que seguiram caminhos bem distintos, com histórias que nem sempre se relacionam. A única coisa em comum é Samara, a assombração, que realmente dá medo. Por isso, é curioso entrar em contato com O Chamado 4: Samara Ressurge, produção japonesa que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 27, e que dá um novo olhar para a antiga assombração.


Dirigido por Hisashi Kimura (O Hospital Mascarado), o longa-metragem tenta colocar a Samara em um novo mundo. Agora tudo é digital, rapidamente compartilhado. Não faz mais sentido, de forma alguma, ter um VHS como condutor da assombração -- oras, terror fala sobre medos que nós podemos sentir hoje, principalmente. Agora, Samara se espalha por meio de um vídeo viral e a "contaminação" acontece bem mais rápido, em apenas 24 horas. É um novo funcionamento.


No centro da história, acompanhamos uma estudante extremamente inteligente que tem que revelar o mistério de um vídeo amaldiçoado para salvar a vida de sua irmã mais nova que assistiu para se divertir. A partir daí, acompanhamos Samara fazendo de tudo para concretizar a assombração enquanto a garota, ao lado de um outro rapaz que também teve sua vida afetada pela criatura, lutam para evitar que o pior aconteça com a irmã e centenas de outras pessoas.

A ideia de modernização é, sem dúvidas, o ponto alto de O Chamado 4. Colocar Samara em um outro contexto engrandece não apenas o filme, mas a franquia. Afinal, compreendemos que essa assombração não é temporal e se adapta. Além disso, há esse brevíssimo comentário sobre efeitos das redes sociais e da viralização na vida das pessoas -- se o roteiro fosse mais bem trabalhado, aprofundando essa questão tão central, sem dúvidas o filme seria muito melhor.


Mas, infelizmente, quase não há trabalho de roteiro aqui. Essa ideia é apenas jogada naquele mundo e, depois, os personagens avançam em toda essa questão de proteção. E é aí que nasce o grande erro do filme: não nos importamos com quase ninguém já que nada é realmente aprofundado. Os personagens são apenas peões, sombras de arquétipos mal definidos, que já vimos aos montes por aí, causando assim uma falta de identificação tremendamente ruim.


Nessa sopa de decisões à esmo, o pior vem na forma que Kimura dirige a trama: tudo é tão artificial, tão tosco, que não dá medo -- bem diferente de Ringu: O Chamado, de 1998, que dá frio na espinha até hoje só de pensar. A Samara era uma criatura respeitada dentro daquele universo. Havia até um afastamento entre vítimas e assombração, mostrando como era um ser inalcancável, incompreensível. Aqui, não: a cena do tio se transformando em Samara é cômica.


Uma pena. Afinal, a ideia de modernização era boa e a personagem, como sempre, tem potencial. Mas falta uma direção que compreenda as particularidades desse universo e o que realmente dá medo. Do jeito que está, a vilã acaba apenas perdendo mais e mais sua força, ficando presa na memória afetiva de quem se assustou com ela saindo de dentro da televisão no início dos anos 2000. Fica a torcida para que Samara ressurja em algum momento. De verdade.

 

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