Chega a ser impressionante como O Cara da Piscina é um filme sem vontade -- de existir, de falar algo, de ser original. Estreia nos cinemas brasileiros desta quinta-feira, 6, este longa-metragem de estreia de Chris Pine como diretor não trilhou uma fama positiva: foi tão mal visto no Festival de Toronto que o cineasta/protagonista chegou a se questionar publicamente como realizador. Disse que ia pra terapia e que não entendia -- apesar de tudo, gosta do filme.
Vai entender? Pine não é um ator de primeira viagem, um novato. Fez muitos filmes, inclusive alguns grandes blockbusters, como Mulher-Maravilha e Star Trek. Talvez tenha lhe faltado experiência com cineastas mais parrudos. Rendido demais aos grandes projetos, não teve um momento com diretores autorais, que criam à vontade, sem pressão de estúdios e produtores.
Talvez seja a noção do que é dirigir filmes autorais que falte à Pine em O Cara da Piscina. Aqui, acompanhamos a história de um desocupado (Pine) que insiste em frequentar a câmara dos vereadores local contra tudo que está acontecendo em Los Angeles. A gentrificação, a mudança de cenário. Tudo está errado, na visão desse cara que trabalha como limpador de piscinas -- um contrassenso proposital, já que quanto mais ricos, mais o serviço de Darren vai ser requisitado.
Mas não é em limpar piscinas que o tal personagem está interessado. O que ele quer, na verdade, é provocar, causar, instigar. Na cola dele, ainda estão dois personagens: um documentarista que está registrando tudo na vida de Darren, vivido por Danny DeVito, e uma psicanalista (Annette Bening) tentando entender, em vão, o que há na mente de Darren.
O fato é que O Cara da Piscina é um filme de uma nota só: vazio de propósito e significado, ele se inspira nas cores e na história do clássico Chinatown -- sem nunca sequer arranhar a genialidade deste filme com Jack Nicholson -- para atualizar a trama de investigação em LA.
Só que nada aqui é tão cool quando Pine pensa. Tudo é monótono. A investigação não interessa, os personagens são pouco críveis, mas também não são fantasiosos o bastante para despertar uma diversão genuína. Parece que a paleta de cores pasteis toma conta de tudo: da história, da empolgação do diretor, da edição. Nunca o filme encontra a sua fonte da criatividade eterna.
Por isso começamos o texto desta crítica falando sobre a (falta) de habilidades de Pine, não do filme em si: O Cara da Piscina é tão vazio que sequer temos um tema a discutir aqui. Não há uma coluna vertebral na história, um tema que una tudo. É o vazio, como o que há na mente de Darren, que se espalha por 100 minutos. E já vou avisando: dá sono. Muito sono. Não à toa, na saída da sessão para imprensa do filme, vi dois colegas dormindo, esparramados na poltrona.
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