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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Notre Dame' é filme francês que se perde na fantasia


Confesso que estava muito curioso para assistir Notre Drama, longa-metragem francês que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 11. Afinal, gosto muito do bom trabalho da cineasta Valérie Donzelli com A Guerra Está Declarada -- isso sem falar do roteirista Benjamin Charbit, que recentemente chamou a atenção na sátira Finalmente Livres. Mas que baita decepção!


O longa-metragem promete que vai acompanhar a jornada de uma arquiteta, recém-divorciada e mãe de duas crianças, na reforma da praça que margeia a catedral de Notre Dame. A partir daí, porém, Maud Crayon (vivida pela própria Donzelli) passa a enfrentar as mais inusitadas e inesperadas situações: de uma maquete que voa e até com a presença do ex-marido na vida.


Apesar da ideia boa, de falar sobre as provocações da arte, com uma sacada excepcional sobre a construção da Torre Eiffel, Notre Dame rapidamente se perde. Donzelli, quando coloca a maquete voando, abraça a fantasia. Quase que tenta abarcar um ar kafkiano que não encaixa muito bem -- a questão dos tapas aleatórios até faz sentido, mas será que precisava de tanto?


O filme, assim, se perde em devaneios. Fica chato, cansativo, desconexo. Há até certo interesse na história, mas o excesso de subtramas acaba sufocando o que há de mais interessante aqui -- a trama de romance e da gravidez são absolutamente jogadas pelo roteiro. Oras, até mesmo a competência profissional da protagonista acaba soterrada em uma série de fantasias bobas.


Não há uma catarse com a história, não há profundidade, não há força. Donzelli não conseguiu fazer a medida exata entre a fantasia e a realidade, criando um filme que pode até mesmo incomodar e chatear. O pior de tudo é perceber como havia potencial, mesmo quando a fantasia surge no jogo. Pelo menos há boas paisagens de Paris e algumas piadinhas que servem. E só.

 
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