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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Nosso Último Verão' é filme fofo da Netflix cheio de clichês


Pode-se dizer que, entre o Ensino Médio e a faculdade, há um vazio existencial. É aquele período em que parece que tudo e nada acontece ao mesmo tempo. Não há mais as obrigações de lições e provas, mas parece que a vida o pressiona a agir, a fazer algo. É um misto interessante de sensações. Um divisor de águas. E é exatamente nesse período que o filme Nosso Último Verão se passa. Produção original da Netflix, o longa é a mistura de histórias, encontros e desencontros, sobre o último verão antes da vida.

O filme não conta com um único protagonista, mas várias histórias descentralizadas. E, curiosamente, é difícil dizer qual é a mais interessante. Afinal, ainda que sejam mergulhadas em clichês, todas elas possuem suas doses de fofura, encanto e, claro, um bocadinho de esperança. O quase-romance entre Phoebe (Maia Mitchell) e Griffin (K. J. Apa) é gostosinho de assistir -- difícil não ficar com um sorriso na boca nas trocas de mensagens. Reece (Mario Revolori), Erin (Halston Sage) e Audrey (Sosie Bacon) também possuem bons arcos, boas histórias. Nada espetacular, mas o sorriso no rosto fica ali.

A direção dessas histórias cruzadas todas é de William Bindley, que não dirigia um filme desde o insosso Madison, de 2001. Assim como o filme no geral, não há nada de espetacular na direção. Tudo funciona, sem grandes destaques ou momentos incríveis. A palavra de ordem, aparentemente, é contar as coisas direitinho e não deixar que grandes arroubos criativos pudessem pôr tudo a perder. É fácil isso ocorrer na Netflix. O similar O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, por exemplo, é infinitamente superior.

O roteiro de Scott Bindley e do próprio William Bindley, porém, conta com alguns momentos acertados. Há diálogos longos, que valorizam as palavras e a relação humana, que lembram filmes de Richard Linklater -- principalmente as conversas da franquia do Antes. No entanto, há muita artificialidade em algumas das relações estabelecidas. Poderiam ter ido um pouco além que não faria mal à ninguém. Pena.

O elenco, no geral, está bem. Maia Mitchell (Os Fosters) e K. J. Apa (Riverdale) estão surpreendentemente bem. Há química entre os dois e o romance flui. Revolori (Tudo Que Quero) e Jacob McCarthy (O Baterista e o Goleiro) surgem como bons alívios cômicos, ainda que parte das piadas não surta efeito. Bacon (13 Reasons Why) e Sage (Cidades de Papel) são boas atrizes, em papéis interessantes, mas que não são aproveitadas em sua totalidade. Se tivessem um pouquinho mais de espaço, brilhariam em todo o filme.

Dessa maneira, Nosso Último Verão é um filme fofo, gostosinho de assistir e que, apesar de ser mergulhado em clichê e ter filmes melhores sobre o mesmo assunto, traz um conforto aos que estão assistindo. Não é marcante, não é incrivelmente bem feito, não é nada demais. Mas quem precisa de grandes filmes o tempo todo? Se for bem feito, e divertido de assistir, já está valendo. É o caso deste aqui. Vai deixar todo mundo com um sorrisinho no rosto e com nostalgia. Ou, no caso dos mais novos, pontas de esperança.

 

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