Que filme mais bonito, singelo e inesperado é No Ritmo da Vida. Produção canadense dirigida e roteirizada por Phil Connell, estreante em longas, o filme conta a história de uma drag queen novata (Thomas Duplessie, brilhante) que, tentando se recuperar de uma situação complicada em sua vida, decide fugir para a casa de sua avó no campo. É a típica jornada de volta, retorno.
É lá que começa o coração do filme, quando a relação entre a drag queen com sua avó ganha fôlego em atuações soberbas e marcantes de Thomas Duplessie (No Escuro) e, principalmente, de Cloris Leachman (A Última Sessão de Cinema, Espanglês), em um de seus últimos papéis.
É difícil segurar a emoção e não se entregar à essa história que, apesar de alguns maneirismos cá e acolá, com tramas batidas sobre a comunidade LGBTQIA+, ainda traz algo de novo ao falar sobre como a família pode (e deve) ser sempre um porto seguro. A beleza no olhar da avó, vivida por Leachman, sem preconceitos ou amarras, inspira e mostra como deve ser um norte.
A questão que abaixa um pouco a qualidade de No Ritmo da Vida, uma pena, são justamente esses clichês, esses maneirismos que colocam a comunidade LGBTQIA+ em uma mesma caixa, como se todos fossem iguais -- são os mesmos sofrimentos, os mesmos medos. Obviamente, há similaridades, mas já passou da hora de histórias mais autorais, mais originais e criativas.
Enfim: No Ritmo da Vida tem sua beleza e, principalmente por conta das atuações de Duplessie e Leachman, se torna realmente memorável. Leachman se despediu de maneira digna dos cinemas. É só deixar um pouco as banalidades de lado e aproveitar a emoção dessa história.
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