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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Nas Ondas da Fé' é filme estranho e fora de tom


Que filme mais estranho é esse Nas Ondas da Fé, comédia nacional que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 12. Dirigido por Felipe Joffily (Muita Calma Nessa Hora), o longa-metragem parece ser, inicialmente, um filme bem-humorado sobre a jornada de Hickson, pastor evangélico que começa a carreira como locutor de um carro de som e se torna, repentinamente, um sucesso absoluto de audiência, fé e dinheiro -- com o divertido jingle dos dois reais.


No entanto, a história de Hickson (Marcelo Adnet) tem pouca comédia para que o filme se enquadre, de fato, nesse gênero. Como o próprio protagonista disse em entrevista, está mais para uma comédia dramática -- ou seria, então, um drama com comédia? O fato é que Nas Ondas na Fé é mais um filme que examina a jornada de um pastor evangélico, indo de uma vida sem muita perspectiva até o sucesso midiático que a religião permite. Do nada ao topo.

A sensação que fica é que o filme seria muito bom se tivesse seguido decididamente por um dos dois gêneros. Se fosse uma comédia escrachada, com um Adnet sempre solto, seria engraçadíssima. Do outro lado, se fosse um drama, também poderia ter um desenvolvimento interessante. Não só colocaria Adnet em uma situação diferente com a qual estamos acostumados, como também mergulharia em um tipo de história rara de se ver no audiovisual.


Mas Joffily morde e assopra. Faz uma crítica aqui e logo trata de arrumar aquilo. Pega mais pesado aqui, mas depois quase pede desculpas. Tenta até aproveitar um pouco mais do humor de Adnet, mas as cenas acabam se tornando soltas, quase sem sentido. É o caso da sequência na cadeia, que chega a ser patética, vergonhosa. O filme estava passando por um arco dramático e, do nada, ganha contornos absurdos. Qual era a intenção de Joffily? Nunca saberemos.


Fica a sensação de que Nas Ondas da Fé foi escrito e pensado para um propósito, no meio do caminho virou outra coisa e, agora, chega aos cinemas um Frankenstein, uma mistura de ideias que não se complementam, apenas se contradizem. Pior de tudo é que fica a sensação que poderia ser um filme realmente bom, seguindo pelo caminho dramático ou de comédia mesmo. Só que ficar em cima do muro, como ficou, não dá em nada. Apenas resulta numa trama apática.

 

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