Geralmente, as críticas servem como um norte para o leitor. É preciso encontrar referências e explicar detalhes técnicos de um filme para que o leitor entenda o que vai (ou não) assistir. E não poderia ser mais simples de cumprir essa tarefa com Morte no Nilo. Adaptação do livro de Agatha Christie, o suspense parece uma reprise do bom Assassinato no Expresso do Oriente.
Ou seja: não tem muito segredo. Se você gostou do outro filme comandado por Kenneth Branagh, que também encarna o papel do detetive Hercule Poirot, também vai se divertir com o mistério em Morte no Nilo. É um filme sem grandes sobressaltos ou surpresas, sendo principalmente um suspense calcado nas tradições do gênero e focado apenas em divertir.
E isso funciona. Afinal, Christie sabia como contar boas histórias de mistério e Branagh, um realizador clássico, passa todo o charme, elegância e tons clássicos do livro para a tela do cinema. Difícil não prestar atenção nos detalhes suntuosos nas paisagens no Nilo e do Egito, onde um casamento termina mal -- com familiares, amigos e uma ex como suspeitos.
O calcanhar de Aquiles de Morte no Nilo se concentra majoritariamente em seu elenco. Não, eles não estão mal em cena. Pelo contrário. O problema é que é um elenco cancelado, repleto de problemas. Letitia Wright (Pantera Negra) é uma pessoa de mente pequena que não acredita nas vacinas. Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome) é acusado de abuso sexual e moral.
Como lidar com um filme que envelheceu mal e, até o momento, sequer foi lançado? É complicado. É visível que Hammer foi limado em alguns momentos na sala de edição -- em certa altura do filme, fica mais de 20 minutos sem dar as caras. Wright também. Só que é desconfortável ver Hammer se enlaçando sexualmente com alguém ali, bem na telona.
Além disso, fica a dúvida se Morte no Nilo era realmente a história certa a ser adaptada logo após Assassinato no Expresso do Oriente. É uma trama que repete muitos cacoetes de Agatha Christie e que se assemelha demais com os crimes no trem. Há histórias mais interessantes de Poirot, como o interessante O Misterioso Caso de Styles, romance de estreia do detetive belga.
Fica a torcida, enfim, para que a Disney dê sinal verde e Branagh possa adaptar Cai o Pano para encerrar uma trilogia. De resto, é isso: Morte no Nilo é um filme elegante, bem feito, com boa direção e atuações. Não vai mudar sua vida, tampouco se tornar seu favorito. Mas, em tempos em que precisamos esquecer do que acontece lá fora, talvez seja uma boa pedida nos cinemas.
Eu compreendo que uma crítica também deve se ater aos atores pois são essenciais para um bom filme, porém não se pode esquecer sobre os detalhes, as tramas, enredos, ligações com o livro. Na crítica só li um jornalista que expôs fatos sobre os atores e não o filme
Comparar a atriz q nao aceita a vacina (que tem lá suas controvérsias) com o ator acusado ate de canibalismo é RIDICULO. O crítico de cinema deve ater á Arte e não á lacraçao.