O longa-metragem Monos, que chegou aos cinemas na quinta-feira, 12, foi uma das produções mais celebradas da Colômbia em 2019 -- não é à toa que foi o escolhido pelo País para encontrar uma vaga de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar. E de fato, o longa tem seus atributos. Mas está longe, muito longe de ser um filmaço, ficando muito limitado à estética da história.
Dirigido pelo jovem Alejandro Landes (que não dirigia um filme desde sua estreia, em 2011, com Porfirio), Monos conta a história de um grupo de jovens milicianos que vive no meio da selva colombiana. Como missão, esses adolescentes precisam cuidar de uma mulher estrangeira que está ali sob custódia dos milicianos, sequestrada -- assim como sempre ocorreu com as FARC.
A forma que Landes registra o relacionamento e o cotidiano desses jovens é o ponto alto de Monos. Fotografado por Jasper Wolf (do excelente Instinto), o longa-metragem tem um visual que beira o deslumbrante. Traz significados por meio das imagens e permite que o espectador se sinta observando uma pintura, um filme contemplativo que vai além da história genérica.
O problema, porém, é que Monos fica só nisso. Ainda que alguns dos atores se sobressaiam em suas atuações (principalmente Wilson Salazar e Sofia Buenaventura), o longa-metragem não consegue desenvolver suas ideias e significações. Ainda que fique claro que Lande busque falar sobre autoritarismo, violência e fascismo, há alguns equívocos narrativos difíceis de lidar.
Por exemplo: desde o começo do filme, o cineasta trata a história de maneira independente. Nós, espectadores, entramos naquela jornada dramática com as coisas já estabelecidas, já acontecendo. Por se tratar de uma espécie de distopia, com ares de O Senhor das Moscas e até A Onda, há o desafio de tentar decifrar o que está acontecendo ali. Isso atrapalha a experiência.
Dessa forma, a sensação é de que o filme nunca convida o espectador para dançar junto com a música proposta por Landes. O apreciamos e sentimos seu impacto visual, mas não chega a mensagem. Não chega a potência narrativa. Parece um quadro de arte contemporânea, cheia de riscos, cores e pincelas. É bonito e até harmonioso. Mas não entrega tanto conteúdo. Uma pena.
Assim, Monos pode até agradar algumas pessoas que consigam engolir e digerir a mensagem que Landes ansiava em passar. Se a narrativa acompanhasse tamanha beleza da fotografia, seria um filme realmente potente. Mas, da forma que ficou, faltou a imersão, o mergulho necessário e urgente em um filme tão fora dos padrões. Tão ousado. Poderia ser, enfim, bom.
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