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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Mistério no Mediterrâneo', da Netflix, ri de Agatha Christie


Nick Spitz (Adam Sandler) é um policial frustrado. Há anos ele tenta sair das ruas para se tornar detetive, mas não consegue. Assim, entre a frustração e o medo de decepcionar a esposa Audrey (Jennifer Aniston), ele acaba fazendo uma viagem de lua de mel para a Europa, 15 anos após o casamento. No entanto, a viagem não sei como o esperado. Afinal, eles fazem amizade, no avião, com um ricaço (Luke Evans) e vão parar num iate de luxo. Lá, um crime acontece e começa-se o mistério que rondará o casal.

Esta é a trama de Mistério no Mediterrâneo, filme original da Netflix que traz mais uma produção para a parceria entre o serviço de streaming e o polêmico astro Adam Sandler. E, desta vez, o alvo do humor não é o faroeste (The Ridiculous Six), nem as reuniões familiares (Lá Vem os Pais) ou amigos de infância entrando numa confusão (Zerando a Vida). É, puramente, uma paródia das histórias de mistério e, mais descaradamente, das tramas de assassinato escritas pela inglesa Agatha Christie.

Como é de se esperar, a história é divertida. Não faz rir horrores, como Lá Vem os Pais fez, mas dá pra passar o tempo, se distrair e dar uns risinhos discretos. Sandler, afinal, repete o papel de policial atrapalhado e funciona na tela. Como sempre, ele encarna bem a figura de homem fracassado e que desperta um humor genuíno, que às vezes até mesmo passa como sendo natural -- o que não é, já que Sandler não é um pai de família fracassado, obviamente. Quem gosta dos filmes dele, vai gostar desse aqui.

O resto do elenco, enquanto isso, modera no humor para ajudar a criar o outro lado da história: o mistério. Luke Evans (A Bela e a Fera) está mais contido, fazendo bem as vezes de um galã milionário; Gemma Arterton (As Vozes) continua resplandescente em cena, ainda mais como uma estrela de cinema; e Terence Stamp (Canção para Marion), uma pena, faz só uma ponta. Só Aniston (Friends), de novo, não consegue se encontrar totalmente em um filme. Fica perdida entre o humor e a seriedade, não emplacando.

Falando no mistério em si, aliás, vale destacar que ele até funciona, em certa medida. O roteiro de James Vanderbilt (Zodíaco), junto com a direção morna de Kyle Newacheck (Perda Total), sabe fazer bem mais suspense do que graça. Não é o crime mais original do mundo -- afinal, estão parodiando a escritora que fundou as bases das histórias modernas de mistério --, mas causa desconfiança de personagens. Por vezes, o filme se torna mais divertido pelo enigma do que por piadas. O que é um problema, claro, já que este não é o objetivo central do longa-metragem. Faltou sacadas mais inteligentes.

Assim, Mistério no Mediterrâneo é um filme ok, razoável. O humor agrada, apesar de não ser marcante. O mistério é interessante, apesar de ser genérico. E a paródia se torna algo apenas divertida para o momento, sem a força de outros filmes do gênero. Não é o melhor filme de Adam Sandler na Netflix, mas também está longe de ser o pior.

 

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