Que filme mais intenso e provocativo é Minha Irmã, drama alemão que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 28. Dirigido por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, o longa-metragem tem um propósito muito bem definido: falar sobre famílias. Aqui, no caso específico desta produção, sobre a relação entre Lisa (Nina Hoss) e seu irmão, Sven (Lars Eidinger).
Ela é uma dramaturga premiada e que está morando temporariamente na Suíça, por conta de obrigações de seu marido — um músico responsável por uma instituição de ensino consagrada do país europeu. O irmão, enquanto isso, está passando por problemas. Ator de teatro, ele se vê longe dos palcos após fazer um tratamento contra um câncer e enfrentar problemas de saúde.
A partir disso, Chuat e Reymond habilmente colocam o espectador nesse turbilhão de emoções que aflora nessa história. São intensos encontros e desencontros que, com relações familiares conturbadas, acabam evidenciando o que há de pior e melhor no ser humano. Difícil não sentir a emoção que esses personagens transbordam em tela, confrontados com o suspiro que é a vida.
Nina Hoss (de Fênix e O Homem Mais Procurado), como sempre, apresenta uma performance sublime. As dores de sua personagem ganham a tela e é difícil não mergulhar no âmago daquela atuação. Ela trabalha com silêncios, olhares e gestos que dizem mais do que palavras. Eidinger, enquanto isso, tem um trabalho mais difícil e explosivo, mas consegue agradar.
O problema fica no roteiro escrito pelas próprias Chuat e Reymond. Apesar do filme andar bem por uns 45-50 minutos, logo fica repetitivo. E o que é pior: exagerado demais, melodramático demais. As duas diretores, com base nessa história, acabam apostando unicamente na dor e no sofrimento da protagonista, que toma conta da tela e não deixa o espectador dar um suspiro.
Por um lado, isso é bom. Traz clima, emociona. No entanto, por outro, há a banalização da dor e, sobretudo, essa fuga da história, já que tudo se torna tão igual e repetitivo ao longo dos mais de 90 minutos. Uma pena. Afinal, Minha Irmã tinha potencial de ser uma ode ao relacionamento de irmãos em contraponto com famílias pouco saudáveis. Da forma que ficou, há dor demais.
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