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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Em 'MIB: Homens de Preto - Internacional', falta identidade


MIB: Homens de Preto - Internacional chega com uma responsabilidade pesada: renovar uma franquia que foi sucesso nos anos 1990 e 2000. Para isso, a Columbia Pictures substituiu o diretor Barry Sonnenfeld, responsável por toda trilogia original, pelo bom F. Gary Grey (de Velozes & Furiosos 8 e Straight Outta Compton). Além disso, saiu a dupla Will Smith e Tommy Lee Jones para a entrada de Chris Hemsworth e Tessa Thompson -- que já trabalharam juntos em Thor: Ragnarok. No entanto, apesar de acontecer a revitalização de personagens e locações, o longa-metragem perde a identidade de MIB.

O motivo? Quase todos os cinco elementos que consagraram a trilogia em todo mundo não estão presentes no novo filme (o terno preto, a aventura, o humor, os alienígenas criativos e o vilão poderoso de outro mundo). Destes elementos, só o terno continua firme e forte. O resto surge de maneira torta. Tudo por conta de uma história fraca sobre uma dupla de agentes (Thompson e Hemsworth) que sai em missão pelo mundo afim de derrotar uma misteriosa ameaça vinda da Colmeia, um conjunto de planetas que estavam em paz com a Terra. Será preciso compreender, ainda, o objetivo desses aliens.

A partir disso, Grey cria uma teia de erros e problemas. Primeiro: Hemsworth e Thompson funcionaram no filme da Marvel pois tinham sustentação para isso. Tinha o Hulk, alienígenas divertidas, um visual bacana. Aqui, o diretor aposta cegamente na dupla e cria um humor frígido. Cada um no seu quadrado. Aí não dá. Hemsworth, que aqui interpreta o agente H, continua fazendo o tipo galã bonitão, enquanto ela volta a visitar a personalidade de rabugenta empoderada. São duas personalidades que, no humor, funcionam quandro trabalham em conjunto. Aqui parece que não há união.

Além disso, os aliens, que poderia dar uma sustentação para a dupla de atores trabalhar, somem. Frank e os Vermes, queridos e nostálgicos, fazem apenas uma ponta. O único "humor alienígena" vem do pequeno Pawny (Kumail Nanjiani), que é explorado até não dar mais. Não há mais aquele riso sincero, vindo de situações bizarras. Tudo é muito medido, usando palavras com cuidado. Parece que falta a leveza de antes.

O vilão também se torna genérico -- lembra, e muito, a antagonista do MIB II, que era o pior da franquia até agora. Não há grandes objetivos, a ameaça é um pouco difusa. Fica muito difícil entender o porquê desse vilão ser tão ameaçador, tão perigoso. O story telling contado não consegue cumprir essa missão. Deficiência clara do roteiro de Art Marcum (Homem de Ferro) e Matt Holloway (Transformers: O Último Cavaleiro). Eles ainda abrem um arco com Rebecca Ferguson (Missão: Impossível - Efeito Fallout) que é só perda de tempo. Se tirar o arco com a atriz, o filme continua sendo o mesmo.

Enfim. MIB: Homens de Preto - Internacional é um filme que tenta agigantar a franquia e dar um novo fôlego na virada da década de 2020. Mas não funciona. A busca por modernidade acaba apagando a identidade geral da história, que não consegue mais se encontrar. Não dá vontade, ao final do filme, de ver mais histórias do agente H e da agente M, infelizmente -- ao contrário do que acontecia com os filmes de Smith e Jones. Parece que esta franquia, sempre tão leve e divertida, entrou na máquina de industrialização de história. Só dando uma nova reviravolta pra voltar a ser interessante.

 

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