É incrível a capacidade de Adam DeVine em sempre perder o tom de seus personagens -- até mesmo em Modern Family, uma série naturalmente exagerada, que acaba perdendo o tom por conta de seu personagem. Ele é ruim. Ponto. No entanto, apesar de ser o protagonista da comédia Meus Sogros Tão Pro Crime, o filme da Netflix consegue ser uma diversão honesta.
Estreia desta sexta-feira, 7, o longa-metragem conta a história de Owen (DeVine), um gerente de banco que leva uma vida honesta e apaixonada -- logo mais, ele se casa com Parker (Nina Dobrev). No entanto, as coisas rapidamente começam a mudar quando Owen conheceu seus sogros, Billy (Pierce Brosnan) e Lilly (Ellen Barkin). Como o (péssimo) título em português já sugere, os dois são criminosos e se tornam um verdadeiro desafio na convivência com Owen.
Dirigido por Tyler Spindel (de A Missy Errada), o longa-metragem é a cara das comédias com Adam Sandler. Não é pra menos: o astro norte-americano assina a produção do filme por meio de sua produtora, a Happy Madison. É uma comédia besteirol pura, que nunca tenta ser mais complicada do que realmente é, trazendo uma história que tem o riso como finalidade única.
Pensando nesse contexto, Meus Sogros Tão Pro Crime (de novo, quem pensou nesse título?) tem seus erros e seus acertos. DeVine, como sempre, está acima de tom e parece estar fazendo humor para crianças com menos de cinco anos. Tudo é muito físico, com muitas caretas, e fica realmente estranho dentro da proposta do filme -- fantasiosa, claro, mas calcada no mundo real.
Brosnan e Barkin, por exemplo, seguem um mesmo tom o longo de todo o filme: fazem humor a partir do absurdo de seus personagens e da situação ao redor. Quando estão na mesma cena de DeVine, fica estranho: parece que ele está em outro mundo, bem diferente dos atores veteranos.
Pelo menos, o humor para além de DeVine funciona. Seja esses absurdos dos sogros ou, principalmente, nas situações envolvendo os pais de Owen -- Richard Kind (Argo) e Julie Hagerty (Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu) apresentam um humor ridículo, mas que desperta boas gargalhadas. A cena da perseguição com Kind no volante é absolutamente hilária e bem sacada.
Com isso, Meus Sogros Tão Pro Crime (já falei que o título é um absurdo?) é uma comédia com dois lados. Há momentos de humor genuíno e que funciona com toda sua sinceridade, enquanto outras cenas são absolutamente estragadas pela presença do protagonista. O bom é que dá para rir se você conseguir embarcar no absurdo da história e ignorar a presença de DeVine.
Todo esse artigo pra mostrar teu hate pelo Devine é lamentável.