Sara (Zuzanna Surowy) está em busca de um lar. Depois de ver sua família judia ser desmembrada na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, a garota atravessa para a Ucrânia e tenta encontrar alguém que a acolha -- sem nunca revelar sua religião, história e origem. Por fim, essa nova vida surge na instável casa de Pavlo (Eryk Lubos) e Nadya (Michalina Olszanska).
Lá, tudo é complicado. Nadya está envolvida com o sobrinho de seu marido, sexual e amorosamente falando. Pavlo, enquanto isso, parece não encontrar um bom sentido no seu dia a dia. Sua plantação, seu gado e sua casa estão sendo consumidos paulatinamente pelos soldados que por ali passam. Seu único objetivo é cuidar dos filhos e proteger toda a sua família.
Sara entra ali como um novo elemento que, de alguma forma, desequilibra ainda mais os ânimos. Nadya, estranhamente, vê um ciúmes despertar em seu âmago -- apesar do romance que nutre extraconjugalmente. Pavlo, enquanto isso, é atraído pela figura da garota, que acaba trazendo um pilar de segurança para aquela família totalmente desmontada na frieza da guerra.
Dirigido pelo estreante Steven Oritt, o longa-metragem Meu Nome é Sara se debruça sobre essa história e busca ir fundo num drama típica da Segunda Guerra Mundial: uma judia tentando sobreviver enquanto os nazistas fazem sua ostensiva pelos territórios da Polônia, Ucrânia e da URSS. É um drama humano. Logo, é impossível não se sentir tocado e emocionado na trama.
Ainda mais pelo sofrimento daquela família e da protagonista. As coisas são reais demais, dolorosas demais. Por mais que Pavlo e Nadya sejam moralmente repreensíveis, você sente a dor dos dois -- a cena do arado é um tiro no estômago. A preocupação de Sara, que está colocando a segurança da família em risco, também dá para sentir através da telona.
As atuações também chamam a atenção. Olszanska (Eu, Olga Hepnarová) é uma agradável surpresa, cheia de camadas e mistérios. Lubos segue um caminho mais bruto e duro, mas dá para sentir suas emoções aos poucos. Surowy ainda tem muito a melhorar -- é sua estreia em longas e isso fica evidente. No entanto, em algumas cenas, ela consegue cumprir sua missão.
O que pode incomodar muitos -- e que me incomodou, de certa forma -- é que Oritt dá uma lavagem cultural no filme. Apesar de se passar na Ucrânia, ter atores ucranianos e até alguns aspectos da cultura local, tudo é muito americanizado. Os diálogos são em inglês, a fotografia é genérica (apesar de elegante) e a trilha sonora não ajuda a história. Poderia ser mais local.
Além disso, mais pro final, Meu Nome é Sara adota um tom novelesco bizarro. O roteiro parece escrito por outra pessoa. Os diálogos ficam forçados, as atuações decaem e tudo fica ainda mais esterilizado. Uma cena em específico (sou judia!) poderia ser muito, muito, muito mais forte.
Isso tira muito da identidade do filme e da forma que ele poderia emocionar e atingir o público. Ainda emociona, é claro: a história é exageradamente real, forte, impactante. Mas poderia ser muito melhor se valorizasse mais a cultura, a língua e os costumes da região. Se isso tivesse sido feito, seria um dos melhores filmes do ano. Do jeito que ficou, é um bom filme.
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