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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Meu Nome é Dolemite', da Netflix, emociona e diverte


Rudy Ray Moore (Eddie Murphy) é um homem, nos anos 1970, que tenta ser artista. No entanto, mesmo após muito esforço, este homem negro norte-americano não consegue entrar nos holofotes. O sucesso, porém, acaba chegando de maneira divertida e inesperada, quando Moore se vale da cultura negra para fazer rimas e contar piadas. É a deixa dele para entrar de cabeça nos palcos americanos e assumir o nome de Dolemite.

Dirigido por Craig Brewer (do remake de Footloose e da série Empire), Meu Nome é Dolemite possui duas grandes forças: a homenagem explícita ao blaxploitation, gênero cinematográfico dos anos 1970; e o retorno triunfal de Eddie Murphy (Dr. Dolittle, Shrek). Há três anos longe das telas, e há sete sem emplacar um filme de grande público, o ator conseguiu encontrar o papel perfeito para esse seu hiato triste longe das telonas.

Aqui, Murphy se entrega totalmente ao papel que lhe é proposto. E há uma fusão de desafios interpretativos: primeiramente, a complexidade natural de Rudy Ray Moore, que transita entre um humor rápido e particular, e uma melancolia quase natural, onipresente. É, em resumo, um tipo de personagem que exige camadas sobrepostas de interpretação. E Eddie Murphy, felizmente, entende e leva isso para o longa-metragem.

Além dele, destaque também para os bons e surpreendentes trabalhos de Wesley Snipes (sim, ele também está de volta!) e Keegan-Michael Key (O Predador). Bons atores.

Sobre o outro ponto, há de se destacar o excelente trabalho de Brewer e de Beat Frutiger e Angela Stauffer -- estes dois últimos responsáveis pela direção de arte. Por mais que haja um ou outro momento que parece fora de contexto da década de 1970, há uma recriação de época sensacional. Os figurinos, os cenários e, principalmente, os filmes em que Dolemite atua são recriados genialmente neste bom longa-metragem.

Unindo as duas pontas, encontra-se um filme interessante, emocional e muito divertido. Eddie Murphy está longe de fazer as palhaçadas de antigamente. É um humor mais rápido, esperto. Algo que não tinha sido visto até aqui em sua carreira. E o roteiro, de Scott Alexander e Larry Karaszewski, valoriza uma trama de emoções distintas. Pena, porém, que alguns exageros sejam cometidos ao longo da execução geral.

O filme poderia ser mais curto e mais gostoso de ser sentido -- para quem está fora da cultura do blaxploitation vai ficar entediado. Um trama mais soft seria mais agradável.

Ainda assim, porém, Meu Nome é Dolemite é um filme interessante, de camadas, e que faz uma bela homenagem para Rudy Ray Moore e para este gênero do cinema tão surreal, interessante e importante para a sociedade como um todo. É ainda mais impactante, porém, quando há um elenco de peso, deixado de lado nos últimos anos, e que volta brilhando, com atuações marcantes. Tomara que Murphy ache seu caminho.

 

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