Ménage começa com três homens conversando em um ambiente que parece ser um motel. Pela conversa, logo se percebe que são poderosos (político?) e que a honestidade não é o forte do grupo. No entanto, após essa conversa inicial, a coisa se transforma: eles encontram a prostituta, com quem estavam se divertindo, morta na banheira. E agora? Como se safar dessa?
Com um inicial de ares bem teatrais, Ménage tem uma interessante mudança de tom. Quase que uma reviravolta. Afinal, a expectativa inicial é de que toda a trama vai se debruçar nos acontecimentos que se sucedem à morte da garota de programa. Mas nada disso. O longa-metragem nacional abraça o surrealismo e passa a falar sobre vício, drogas e paranoia.
No entanto, há um certo amadorismo por trás de toda essa condução. Luan Cardoso, o diretor, é extremamente jovem. Tem apenas 26 anos e este é o primeiro longa-metragem do cineasta, que começou a filmar curtas ainda na adolescência. Percebe-se qualidade em seu trabalho, e isso é louvável, mas falta experiência. Algumas cenas são truncadas, outras são artificiais, exageradas.
Isso quebra consideravelmente a experiência geral com Ménage. Há momentos que escapam, que parecem não ter uma continuidade geral -- o que é refletido também nos atores, que parecem não saber em qual ponto chegar. Seria mais interessante se o roteiro fosse focado em uma única narrativa, mais sólida e consistente, explorando esse clima de paranoia diretamente.
Ménage merece atenção por ser apenas o primeiro filme de Cardoso, tão jovem e que mostra talento -- só a mudança de direção da narrativa já é rica demais. Faltou apenas mais experiência em como fazer com que essa história seja mais coesa. Do jeito que ficou, dispersa e explorando várias áreas, ficou cansativo. E fica a sensação que a história não foi explorada como deveria.
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