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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Men: Faces do Medo' exagera na artificialidade e em suas pretensões


Foi em 2014 que o cineasta Alex Garland se tornou uma espécie de sensação na bolha cinéfila por conta de Ex-Machina, inteligente longa-metragem sobre tecnologia, inteligência artificial e o avanço das máquinas. No entanto, depois, o diretor britânico não conseguiu repetir o feito com Aniquilação, longa-metragem mediano, e Men: Faces do Medo, estreia desta quinta-feira, 8.


A trama acompanha a história de Harper (Jessie Buckley), uma mulher que acaba de passar por uma experiência traumática: não só teve um relacionamento abusivo, como também viu seu marido morrer bem na sua frente. Em busca de saídas, ela aluga uma casa no interior da Inglaterra querendo um pouco mais de paz e, quem sabe, esquecer esses acontecimentos.


Men: Faces do Medo começa muito bem: não só Buckley (Estou Pensando em Acabar com Tudo) está realmente muito bem nessa personagem surrealista, tentando lidar com traumas enquanto todo o seu redor trabalha contra essa superação. As cenas com Rory Kinnear (O Jogo da Imitação) ajudam a alavancar ainda mais a boa experiência inicial com o longa-metragem.

Além disso, Garland cria um clima de terror interessante. Não só pelo jogo de cores de verde e vermelho, contrastando as sensações de acordo com os ambientes em que Harper está, como também por interessantes jogos de luz e brincadeiras visuais assustadoras. O homem misterioso e nu que aparece logo no início cria algumas cenas realmente aterrorizantes.


No entanto, os pontos positivos vão parando por aí. Mais parecido com Aniquilação do que com Ex-Machina, Men: Faces do Medo vai acrescentando camadas e ideias em uma trama pretensiosa demais. Rapidamente, as boas ideias ficam de lado e Garland, ansioso em criar algo que tenha mais signos do que história, vai se perdendo. Harper fica mergulhada no caos.


Enquanto o começo é interessante, o segundo e o terceiro atos do longa-metragem derrapam na tentativa de criar metáforas que às vezes são rasas demais e em outras exageradamente pretensiosas. É inevitável que o desinteresse surja e vá corroendo os pontos positivos que estão ali no comecinho da trama. Até as atuações, antes tão interessantes, vão ficando mais apáticas.


Men: Faces do Medo, no final, se revela como um filme que realmente não encontra um ponto de encontro entre interesse do público e ideias do cineasta-roteirista. Ah, e não tem como não comentar: será que um homem deveria estar contando essa história sobre machismo e abuso? Pode até ter acertos, mas, no final, a visão do diretor é contaminada pela sociedade. Uma pena.

 

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