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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Megarromântico', da Netflix, é clichê que ri de outros clichês


Natalie (Rebel Wilson) é uma jovem arquiteta que tem uma vida absolutamente comum -- ruim até, em alguns aspectos. Afinal, não vive nenhum grande romance, tem só algumas poucas amigas, não tem um emprego dos sonhos, nem um apartamento de capa de revista. As coisas mudam, porém, quando ela bate a cabeça numa pilastra e seu mundo vira uma comédia romântica. Todos homens olham para ela, está sendo tropicando para algum "bonitão" ajudar, pássaros cantam, flores colorem toda a cidade...

Esta é a premissa de Megarrromântico, produção da Warner que foi lançada com o selo de original da Netflix na plataforma de streaming -- como nas adaptações de Bleach e Fullmetal Alchemist. Aqui, porém, nada de história inspirada em mangás. Com direção de Todd Strauss-Schulson (Terror nos Bastidores), o longa assume tom de paródia, rindo das comédias românticas clássicas. No entanto, é algo que não vai longe e, rapidamente, passa a ser uma homenagem. É um clichê que ri dos mesmos clichês.

É uma fórmula que, enfim, funciona em partes. Em um primeiro momento, por exemplo, é divertido ver o mundo de cor e alegria que se forma ao redor da protagonista sem fazer algum sentido. Pássaros fazendo corações no céu, o galã (Liam Hemsworth) do trabalho que passa a dar atenção, o vizinho que se revela gay de uma hora pra outra e passa a ajudá-la na busca do homem ideal. São situações já batidas, usadas dezenas e dezenas de vezes em filmes do gênero, que ganhou um frescor inédito aqui. Dá pra rir.

Outro ponto é a espirituosa trilha sonora. Ainda que óbvia, ela acerta ao evocar músicas como Pretty Woman, do filme Uma Linda Mulher; e a inesquecível A Thousand Miles, da comédia As Branquelas. Um espírito de nostalgia invade o filme e garante a emoção. Uma cena no karaokê, envolvendo I Wanna Dance with Somebody, também é muito boa.

O elenco, enquanto isso, não consegue trazer o tom de paródia, homenagem ou nostalgia por completo. Rebel Wilson (A Escolha Perfeita 3) é a única que parece saber encarnar o papel como deve. É engraçada e reage como uma pessoa comum num mundo colorido e romântico. Já Liam Hemsworth (Jogos Vorazes: A Esperança), Betty Gilpin (Glow) e o chatíssimo Adam DeVine (Quando nos Conhecemos) são mais do mesmo e não conseguem ir muito além do clichê raso que são os seus personagens.

No final, Megarrromântico acaba derrapando ao tentar entregar uma mensagem batidíssima e que já tinha sido usada na recente comédia Sexy pro Acidente. Teria sido mais interessante se o longa tivesse assumido totalmente seu tom de paródia ou encontrado um final mais interessante -- nada contra a redenção e a mensagem que surge nas entrelinhas finais, mas poderia ter sido bem mais original. Resumindo: é um filme que diverte, que tem seus bons momentos e tem um espírito de rir de si mesmo diferenciado. Mas o clichê pelo clichê acaba tomando conta de tudo no final. Uma pena.

 

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