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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Medo Viral' é terror que faz rir e não assusta


Nos últimos tempos, o cinema de terror tem tentado manter seu caráter de vanguarda para mostrar como a tecnologia afeta a vida das pessoas. Desde então, já foram produzidas pérolas como Uma Selfie para o Inferno -- um dos piores de 2018 -- e Pulse, que tem ganho um status de cult com o passar do tempo. Só Amizade Desfeita que acertou em cheio na questão e conseguiu apresentar uma história aterrorizante pela tela do Skype.

Agora chega aos cinemas Medo Viral. Dirigido pelos irmãos estreantes Abel e Burlee Vang, o longa-metragem mostra como um aplicativo demoníaco está matando um grupo de jovens amigos. Isso mesmo: um demônio enviado por meio de um aplicativo de inteligência artificial é o grande vilão daqui. Como lidar? Como enfrentar? O que está matando?

Essas são as questões que norteiam o longa-metragem, que não consegue escapar dos clichês do gênero. Parecendo uma mistura mambembe de A Hora do Pesadelo e Pânico, o filme se apoia em casas escuras; amigos que tentam ficar juntos, mas se separam na hora H; jumpscares previsíveis de coisas batendo ou caindo; e por aí vai. São coisas que o cinema já está cansado de exibir em qualquer filminho B do gênero. Não assusta. Só faz rir.

O elemento primordial de Medo Viral, a tecnologia, é outro ponto que acaba jogando contra o longa-metragem. Os irmãos Vang, aparentemente, tentaram fazer uma certa homenagem à Wes Craven ( dos já citados Pânico e A Hora do Pesadelo) mas acabam acertando nos Wayans (de Todo Mundo em Pânico). Afinal, a relação do grupo principal com o aplicativo é mal inserida na tela e não orna com o restante da produção. Fica destoante.

Além disso, nenhum ator consegue segurar as pontas. Saxon Sharbino (Love), Kate Orsini (Assassinato no Mississipi), Brandon Soo Hoo (Ender's Game) e Robyn Cohen (Boned) não sabem como trabalhar em cena -- muito provavelmente por conta de uma má direção dos irmãos cineastas. As coisas não encaixam bem e a maioria das situações soam pouco naturais. Fica estranho, desconfortável e não desenrolar a trama.

Só a criação do monstro demoníaco e tecnológico que chama a atenção. O sorriso alucinado e os olhos protuberantes provocam uma aflição imediata. Pena que resolveram colocar mais alguns palhaços na equação. Parece um novo capítulo de Uma Noite de Crime.

Assim, Medo Viral é um filme que, se não for levado a sério, pode divertir -- ao contrário de Selfie para o Inferno, por exemplo, que não dá espaço para o riso. Mas se considerá-lo como terror sério, para causar medo, pouco se extrai a partir daí. É só mais um na multidão tentando tornar a tecnologia vilã. E, por mais simples que isso possa parecer, ainda não é o resultado esperado.

 
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