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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'McMillions', da HBO, é série que erra na duração e acerta no conteúdo


Séries sobre crimes reais estão em alta nos serviços de streaming. A Netflix tem acertado frequentemente com títulos como Don't Fuck With Cats, Gênio Diabólico e Toy Boy. Aparentemente, agora outras plataformas estão correndo atrás do prejuízo. É o caso da HBO Go, que acaba de finalizar o lançamento de seis episódios da nova série investigativa McMillions.


Produzida pelo astro Mark Wahlberg, a série original conta a história de trapaceiros que burlaram uma promoção do McDonald's que distribuía prêmios por meio de pequenas peças espalhadas em produtos da rede. Dessa forma, os criminosos 'davam' prêmios de até US$ 1 milhão para conhecidos, tomavam uma parte para eles próprios e ninguém desconfiava.


No entanto, em determinado momento, o FBI recebe uma informação de que algo pode estar errado na promoção. Assim, começam uma intensa investigação de fraudes fiscais e postais.


Dirigida e roteirizada por James Lee Hernandez e Brian Lazarte (estreantes neste formato de narrativa), McMillions tem um começo empolgante. A história é cheia de buracos, surpresas, bizarrices. Nada fica claro num primeiro momento e os diretores sabem brincar com isso. Eles ainda tiveram a sorte de ter um entrevistado carismático, que emula novas emoções na tela.


Além disso, é difícil não ser instigado a compreender melhor aquele rolo todo. Os personagens como um todo são interessantes e cheios de camada. Nada aqui é óbvio ou parado demais.

No entanto, Hernandez e Lazarte acabam errando na dose. Primeiro: alguns detalhes essenciais sobre o crime cometido contra a promoção do McDonald's são escondidos até o último minuto. Nem é pra fazer suspense. Simplesmente são ignorados e deixados pra lá, sendo revelados só no último episódio. Muitas peças ficam soltas e, com isso, McMillions começa a ser confuso.


Falta, também, uma coesão narrativa. No já citado Don't Fuck With Cats, por exemplo, a entrevista de dois entrevistados é usada como fio daquela história e as coisas fazem sentido claro. Afinal, é uma linha temporal da cabeça de uma pessoa real. Aqui, isso não existe. Junto com uma edição atrapalhada, muitas informações são sobrepostas e somem no caos.


O fato dos dois principais investigados chamarem Jerry também não ajuda. Isso dificulta um pouco mais a compreensão e deixa a narrativa um tanto quanto abobalhada, pra cá e pra lá.


Por fim, a HBO comete um erro também comum na Netflix: exagero na duração. De jeito nenhum essa série precisava durar seis episódios, de quase uma hora cada. Quatro episódios, de mesma duração, resolveriam o problema. É aquela questão: as empresas de televisão estão com cada vez mais vontade que as pessoas fiquem mais e mais ligadas em seus canais. Eis o resultado.


McMillions é uma série que conta uma história interessante e que, em breve, poderia sumir da memória popular. Há um bom trabalho de entrevistas, uma excelente produção. No entanto, diretores/roteiristas acabam se atrapalhando com tamanha quantidade de informações, bons personagens e reviravoltas. Se entusiasmaram com o que tinham em mãos. Menos é mais.

 

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