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Bárbara Zago

Crítica: 'Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo' consegue ser superior ao anterior


Engana-se quem pensa que Mamma Mia foi a música do ABBA que originou a história envolvendo uma família dona de um hotel na Grécia. Engana-se ainda mais os que pensam que tudo começou com o filme, lá de 2008. Pelo contrário. Foi com o sucesso The Winner Takes It All que a produtora Judy Craymer encontrou-se com a dupla Ulvaeus e Andersson e propôs que suas músicas servissem de base para uma peça da Broadway. A ideia deu tão certo que virou filme e, dez anos depois, ganhou uma sequência.

Dirigido por Ol Parker, a continuação de Mamma Mia! dá sequência direta à história conhecida em 2008, quando Sophie (Amanda Seyfried) convidava seus três possíveis pais (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard) para seu casamento, sem autorização da mãe (Meryl Streep). O desejo, claro, era descobrir quem era o verdadeiro progenitor e acabar com uma dúvida que nunca fora sanada na juventude.

Com o espirituoso título de Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, a continuação agora mostra Sophie um pouco mais velha e sendo a responsável por reinaugurar o hotel na ilha de Kalokairi, como homenagem à mãe, Donna. Por conta disso, o filme se divide entre a preparação de Sophie para a reinauguração do hotel e os anos de juventude da matriarca, desde que chegou à Grécia até o momento em que descobriu estar grávida.

O novo filme, como esperado, não é totalmente fiel ao original e, muito menos, à peça da Broadway. No entanto, isso não prejudica o entendimento da trama, muito menos seu ritmo. Os atores escolhidos para viver os personagens quando jovens, por exemplo, fazem ótimo trabalho. Harry (Hugh Skinner), apesar de pouquíssimo desenvolvido, é um dos que mais se destaca na hora de cantar -- afinal, Waterloo é uma das cenas mais bem produzidas e marcantes do filme. Bill (Josh Dylan) se parece tanto com Stellan Skarsgard que chega a impressionar. Sua apresentação de Why Did It Had To Be Me? também é bastante divertida. Por fim, Sam (Jeremy Irvine) é o que aparece mais tempo em tela. Tem carisma e performa muito bem a ótima canção Knowing Me, Knowing You.

A escolha da jovem Donna também foi acertada. Lily James (Baby Driver, Cinderella) impressiona, como se tivesse seguido os passos de Streep pra encarnar a marcante personagem. É impressionante e revigorante vê-la na tela. Dá um show.

Parte da história também não causa grande impacto, principalmente o início. Afinal, ele pode soar repetitivo para aqueles que lembram bem do primeiro filme. No entanto, não deixa de ser necessário para entender a história e se aproximar da versão jovem de Donna. Mesmo assim, o ponto alto ainda são as coreografias, todas extremamente bem produzidas e dirigidas, mas com destaque para a famosa Dancing Queen. Quando Colin Firth e Stellan Skarsgard aparecem, percebemos uma maior naturalidade ao filme. Os dois parecem ter se divertido muito durante as filmagens, e isso aproxima o espectador, querendo ou não.

Mamma Mia é uma história sobre gerações, e posso dizer isso com propriedade, já que aprendi a gostar de ABBA por influência dos meus pais. Acredito que o último filme tenha conseguido transparecer isso tão bem quanto o primeiro. Mas, principalmente, a relação entre mãe e filha é uma das coisas mais bonitas de se ver. No primeiro, Slipping Through My Fingers expõe bem essa questão; no segundo, quem é responsável por isso é My Love, My Life, uma das cenas mais emocionantes de toda a história. Ainda que Meryl Streep apareça pouco na continuação de Mamma Mia, isso não prejudica o filme em nenhum aspecto, apenas torna mais emocionante cada momento dela na tela.

Mamma Mia! Lá Vamos Nós De Novo tem erros, principalmente de continuação. Quem assiste ao primeiro e depois ao segundo, fica na dúvida se ambos tratam do mesmo lugar. No entanto, seus erros são praticamente irrelevantes quando se olha o geral. Arrisco dizer que consegue ser superior ao primeiro -- afinal, não é todo dia que Cher faz uma participação especial num filme junto com Andy Garcia. As músicas fazem jus ao talento de ABBA e divertem o espectador, até aqueles que não são muito fãs de musicais.

 

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