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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Malcolm & Marie' é bobagem desinteressante da Netflix


Que filme mais chato, pretensioso e desinteressante é Malcolm & Marie, talvez uma das estreias mais aguardadas de fevereiro na Netflix. Dirigido e roteirizado por Sam Levinson, da série Euphoria, o longa-metragem acompanha uma noite de discussões de um casal interpretado por John David Washington e Zendaya. Ele, um cineasta intenso. Ela, uma esposa nas sombras.


A partir daí, acompanhamos esse casal trocando palavras duras, mas muitas vezes sinceras, sobre o relacionamento que vivem, as dificuldades e o que esperam (ou não) um do outro. É uma intensa DR, com 106 minutos de duração, e que comete uma proeza: em momento algum consegue tragar o espectador para dentro do que está sendo dito, mostrado e contemplado.


Oras, isso vai no sentido contrário de qualquer filme sobre brigas, casais discutindo, por aí vai. Se a gente ouve alguém aleatório brigando, imediatamente uma série de emoções desperta. Ficamos interessados em saber o motivo da briga, preocupado com o bem-estar daquelas pessoas, curiosos em saber como as coisas terminam por ali. É algo estranho, mas natural.


Enquanto isso, Malcolm & Marie, um longa-metragem que mostra uma briga ao longo de todos os seus 100 minutos, não consegue despertar absolutamente nenhuma dessas emoções. Não ficamos curiosos, preocupados, interessados. Vemos todo aquele circo armado por Sam Levinson de maneira impassível, sem querer mais. Sem nem ao menos nos preocuparmos!

E isso tem um motivo, claro: tudo é absurdamente artificial. Ao contrário do recente História de um Casamento, para uma comparação rápida e fácil, não sabemos se há amor envolvido naquilo. Nem se há ódio, desprezo. É uma briga que parte do nada e vai para lugar nenhum. Levinson não entende disso. Não sabe como colocar uma briga na tela sem parecer artificial.


Zendaya (Homem-Aranha: Longe de Casa) e Washington (Infiltrado na Klan) também não parecem nem mesmo sombra do que já mostraram em outros filmes. Estão exagerados, teatrais numa dose que só funciona nos palcos. Ele mexe demais os braços, gesticula muito, faz sons. Ela fica com uma cara de cachorro morto sem parar, como se não tivesse rompantes.


Dessa forma, Malcolm & Marie é apenas um exercício vazio do diretor tentando comprovar como sabe dirigir cenas dramáticas, com atores exagerando a dose na atuação e um preto e branco que tenta emular Hollywood de outros tempos. É praticamente Sam Levinson -- que gravou isso aqui na pandemia, vale dizer -- colocando sua direção num pedestal pedante e pretensioso.


Obviamente, 2021 já nos brindou com filmes piores -- O Tigre Branco e Vovó Saiu do Armário, por exemplo, estão degraus abaixo. Mas é impossível não expressar decepção com Malcolm & Marie, uma bomba pretensiosa que apenas mostra como há ego envolvido em Hollywood e, pior, como há empresas que pagam por essas expressões do ego. Uma bobagem para esquecer.

 
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