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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Loop' é inventiva e interessante ficção científica brasileira


Por mais que o terror tenha tido um fôlego a mais no Brasil nos últimos anos, não se pode dizer o mesmo da fantasia e da ficção científica. São poucos os filmes que realmente apostam nesse gênero, geralmente se limitando em produções bem específicas e nichadas. Por isso é preciso comemorar uma iniciativa como Loop, longa-metragem dirigido e roteirizado por Bruno Bini.


O filme acompanha a história de Daniel (Bruno Gagliasso), um rapaz apaixonado por duas coisas: viagens no tempo e Maria Luiza (Bia Arantes). Essas duas paixões acabam se encontrando quando a amada é assassinada. Provavelmente por um assassino serial. Daniel, em depressão, acaba vendo na viagem do tempo uma maneira de impedir esse criminoso de agir.


A partir daí, com ecos curiosos de Predestinado, filme de ficção científica com Ethan Hawke, o longa-metragem vai brincando com essas viagens temporais sem deixar um bom desenvolvimento do personagem de lado. Afinal, por meio da relação de Daniel com a irmã (Branca Messina), vamos conhecendo melhor esse personagem e suas reais intenções.

Bini, que tem aqui seu primeiro trabalho em longas depois de dirigir cinco curtas-metragens, mostra controle da trama. Tem um roteiro gostoso de acompanhar, que flui bem -- apesar das entranhas das viagens do tempo. Você não se perde, ainda que o roteirista não invista em uma história demasiadamente simples. É uma mistura boa de roteiro bem escrito e história divertida.


Destaque também para o elenco. Gagliasso (que também está em Marighella) está em um dos papéis mais desafiadores de sua carreira. Se sai bem. Bia Arantes, de O Filme da Minha Vida, está apaixonante no papel de uma mulher de bem com a vida, forte em suas convicções. Os dois, juntos, funcionam bem nas telas, até mesmo nas cenas mais complicadas do roteiro.


Uma pena, porém, que Bini invista em algumas americanizações da trama -- seja em termos estéticos ou narrativos. Pode ser falta de referências nacionais. Mas falta alguma coisa um pouco mais verde e amarela ali, apesar de referências ao 7x1 da Copa e a chegada de Michel Temer ao poder. Essas pequenas sacadas, apesar de divertidas, não dão mais identidade.


Ainda assim, Loop é um bom longa-metragem. Espirituoso, bem dirigido, original. Traz um frescor para o cinema nacional. Bruno Bini, que já se destacou em curtas-metragens ao longo de sua carreira, agora chega com força em longas. É um cineasta para ficar de olho, acompanhar com atenção. Afinal, o cinema brasileiro precisa se reinventar. Ir além. Esse pode ser o caminho.

 
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