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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Loja de Unicórnios', da Netflix, é filme lento, mas com boa mensagem


Depois do lançamento de Capitã Marvel, foi visto com apreensão e ansiedade a estreia do filme Loja de Unicórnios. Original da Netflix, a produção traz de volta a dupla Samuel L. Jackson e Brie Larson -- com o tempero adicional dela comandar o filme todo, assumindo o cargo de diretora. E, ao contrário do que alguns haters disseram, o longa não é ruim. Pelo contrário. Ainda que tenha limitações, Larson faz um bom trabalho em sua estreia como diretora, injetando imaginação e boas metáforas na sua produção.

Loja de Unicórnios conta a história de Kit (Larson), uma artista plástica frustrada que não encontra sentido na vida. Ela acaba cedendo à pressão de seus pais e arruma um emprego temporário numa agência de relações públicas. As cores somem de sua vida, as roupas extravagantes dão lugar para terninhos puídos e parece que os sonhos morreram. No entanto, ao mesmo tempo, ela acaba descobrindo uma loja mágica, que é comandada por um excêntrico (L. Jackson), que quer vender unicórnios para Kit.

Cheio de cores e muito vibrante, até mesmo quando Kit está enfrentando esse período de poda criativa, o longa-metragem chama a atenção pela boa construção de visual, que passa pelos cenários, pelos figurinos e pela ambientação -- a tal loja de unicórnios é divertidíssima já em uma única olhada. As coisas melhoram ainda mais por conta da boa atuação de Larson. Protagonista única do filme, ela consegue apresentar uma boa e concisa atuação. Mostra que os problemas em Capitã Marvel foram um caso específico.

A história também é interessante. Cheia de momentos mágicos, ainda que contidos e metafóricos, Loja de Unicórnios chama a atenção pela maneira que trata a construção de um sonho. No entanto, atenção: não dá pra levar a trama do unicórnio ao pé da letra, como se fosse algo real acontecendo. Preste atenção nas nuances de roteiro, nos diálogos que ela trava com L. Jackson. Há um significado reprimido ali muito inteligente e que poderia ter sido mais explorado. É, enfim, um filme inteiro nas entrelinhas.

No entanto, apesar dessa boa sacada de roteiro da estreante Samantha McIntyre, o filme vai além da dosagem necessária. A história, que começa ágil e interessante, vai perdendo o vigor lentamente. Chega determinado momento da trama que o cansaço é inevitável. As coisas se arrastam, os acontecimentos já não são tão interessantes. Só fica divertida a dinâmica entre a protagonista e o personagem de Hamish Linklater (A Grande Aposta), que faz um chefe abusivo pelos olhos inocente de Kit. Estão ótimos.

Quem consegue vencer essa lentidão exagerada, e uma repetição de mensagens, vai ficar com um gosto agradável. Não é o melhor filme do universo, nem vai ficar marcado na memória. No entanto, possui uma boa mensagem, boas atuações, visual marcante e conclusão interessante. Brie Larson é, sem dúvidas, um dos principais nomes do cinema atual, sempre cheia de boas ideias, boas atuações e aceitando os desafios que chegam. E, agora, se prova uma boa diretora. É pra ficar de olhos grudados em seus trabalhos.

 

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