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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Leste Oeste' é filme de boa mensagem, mas fraca realização


Depois que sobem os créditos do longa-metragem nacional Leste Oeste, é inevitável pensar na boa metáfora que embala a história. A começar pelo título que mistura orientações e, ao mesmo tempo, deixa o interlocutor perdido. É leste? É oeste? Não é nenhum dos dois? Depois, pela própria atividade do protagonista, Ezequiel (Felipe Kannenberg). Piloto de corrida, sua função é ficar dando voltas e voltas numa pista, em velocidade, para sempre voltar no mesmo lugar. O objetivo é sempre retomar ao início.

É sensacional a maneira que o diretor Rodrigo Grota, vindo do mercado de curtas, organizou e pensou tudo isso. A mensagem é boa, a metáfora é boa. A embalagem de tudo é reluzente. No entanto, ao parar para pensar na história, as coisas caem por terra. Afinal, há coisa mais banal do que a trama da pessoa que volta para casa e precisa enfrentar seus demônios? É algo batido no cinema e que, quando tratado de maneira trivial, cansa. É o caso de Leste Oeste. A embalagem é boa. Conteúdo, mais do mesmo.

Afinal, veja a história: o tal Ezequiel, depois de 15 anos longe das pistas, resolve voltar para sua cidade natal, no Paraná. Lá, ele acaba por reencontrar a bela Stela (Simone Iliescu), sua antiga paixão; Angelo (José Maschio), seu rígido pai; e Pedro (Bruno Silva), um rapaz de 15 anos que sonha em ser piloto de corrida profissional igual a Ezequiel.

A partir daí, é aquele blá-blá-blá de sempre. Reencontro consigo próprio, problemas que precisa desafiar, a volta às origens, etc. Grota, que soube tratar muito bem o seu filme, parece que não percebeu a banalidade de sua história. Ainda que tenha alguns bons momentos, principalmente envolvendo o protagonista Felipe Kannenberg (Casa da Mãe Joana 2), o filme não decola. Leste Oeste faz jus ao seu nome e fica perdido entre histórias, silêncios, cenas sem conexão. Parece que a tal embalagem tomou conta dali.

Além disso, do elenco, só Kannenberg salva. Por mais que Simone Iliescu (O Olho e a Faca) tenha uma boa cena, envolvendo uma música que ela canta sem acompanhamento, no geral a atriz fica devendo. A maioria das cenas entregam momentos artificiais, que não acompanham o protagonista. O resto do elenco de apoio aparece pouco. Mas, quando precisa, até que são funcionais e dão o devido suporte.

Vale ressaltar, também, que mesmo tendo apenas 86 minutos, o longa-metragem demora uma vida para passar. É lento demais, exagerado nos silêncios -- ainda mais que a maior parte do elenco não consegue trabalhar com as pausas. É cansativo.

Ao final, então, fica aquele gostinho descrito no começo do texto. A ideia é boa, a mensagem até que funciona e a metáfora usada para tudo isso impressiona. No entanto, a história em si é decepcionante. Grota, claramente, poderia ter entregue muito mais se tivesse se debruçado mais atentamente no roteiro. Uma história mais afiada e pronto. O filme seria muito mais memorável, muito mais destacável. Mas é só um na multidão.

 

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