Quando dei play em Jogo Justo, estreia nos cinemas desta sexta-feira, 6 de outubro, sabia pouco sobre o filme. Apenas li sobre o elenco e sabia, mais ou menos, que era uma história que se passava no mercado financeiro. O Lobo de Wall Street? Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme? Não, nada disso: o filme de Chloe Domont (Ballers) sobre sobre egos frágeis e masculinidade tóxica a partir da visão de um casal (Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich) do mercado financeiro.
Não é, assim, uma história sobre investimentos, ações, lucros e perdas -- ainda que isso esteja ali, para contexto das ações dos personagens. É, na verdade, um filme sobre um noivo que não consegue aceitar que sua noivo é melhor do que ele no mercado financeiro. Quando ela é promovida para um cargo de superiora, mandando assim no futuro marido, ele não sabe como lidar. Como aceitar que sua esposa ganha melhor do que você?, se pergunta ele, o tempo todo.
Com esse sentimento perseguindo Luke, o noivo, durante toda a narrativa, adentramos em um filme que fala sim sobre como o mercado financeiro pode ser predatório (principalmente a partir das ações do chefe, interpretado por Eddie Marsan), mas que tem algo mais importante a dizer.
Domont sabe como regular a narrativa de sua protagonista, brilhantemente interpretada por Dynevor, sem nunca pesar demais na sexualização -- algo que poderia acontecer facilmente nas mãos de um diretor homem. Ela entende a jornada de sua personagem, vítima de um machismo estrutural e repetitivo, e a torna universal. A história se passa nas entranhas do mercado financeiro, mas poderia ser um jornal, em uma rede de TV, em uma empresa de qualquer área.
Só a última cena que é um pouco fora de tom. Ainda que faça sentido dentro de todas as ações das personagens, acaba passando um pouco do tom, um pouco do que aquela personagem apresentou até então. Ainda assim, Jogo Justo acerta em cheio: mesmo perdendo um pouco o tom no final (fazendo algo que muitas pessoas querem, mas que ninguém faria de fato), o longa é um bom exemplo de como contar histórias reais e contemporâneas, sem exagerar, na medida.
Esqueceu de fazer a crítica. Só fez lacração.