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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Jeffrey Epstein: Poder e Perversão' é série mediana da Netflix


A Netflix conseguiu se destacar, nos últimos anos, com séries documentais sobre crimes reais. Arrisco dizer que, além dos filmes "oscarizáveis" do final de ano e dos reality shows, é o principal produto do serviço de streaming, com títulos como Don't Fuck With Cats e, recentemente, Tiger King. Agora, um pena, chega a mediana Jeffrey Epstein: Poder e Perversão.


Dividida em quatro episódios, a série conta os bastidores dos crimes cometidos pelo bilionário Jeffrey Epstein. Num esquema desmembrado em 2019, descobriu-se que ele abusava de menores de idade e, acima de tudo, foi o responsável por criar uma espécie de pirâmide social ao seu redor -- fazendo, inclusive, tráfico de menores. É um crime bárbaro, nojento e chocante.


Como meio de contar essa história, a produção da Netflix opta por focar nos depoimentos e nas experiências das vítimas, que se abrem e contam detalhes do modus operandi de seu algoz. São relatos fortes, muitas vezes desesperadores, que sem dúvidas causam emoções no público. Isso é irrepreensível. Não tem como criticar ou achar que os depoimentos não foram bem colhidos.


No entanto, Jeffrey Epstein: Poder e Perversão não vai além. Talvez por ter sido feita às pressas (as filmagens foram feitas em 2020 mesmo, pouco antes da pandemia), a série documental não se aprofunda na figura de Epstein, nem investiga bastidores. Não há informações novas. O que se conta aqui foi contado largamente em noticiários -- até mesmo os depoimentos, afinal.


Dizem por aí que Epstein, em sua pirâmide sexual, tinha contatos quentes. Políticos, celebridades, atores. Oras, imagina o impacto que teria Jeffrey Epstein: Poder e Perversão se novas informações tivessem sido colhidas. Novas perspectivas tivessem sido colocadas em prisma na narrativa. Mas não. Tudo aqui é um tiro no que já está morto. Nada novo surge daqui.


É, assim, decepcionante assistir as quase quatro horas de narrativa sem colher algo gratificante ao final. Não há inventividade, não há grandes momentos. Apenas o que já foi visto. Quem não conhecia a história, vai se entreter e se chocar. Mas quem já conhecia o básico, sem dúvidas, vai encontrar apenas informações requentadas, numa embalagem bonita, e que não inova nada.

 
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