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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Irmãos por Acidente', da Netflix, diverte e faz refletir



Quando vi a propaganda de Irmãos por Acidente na Netflix, estreia desta quinta-feira, 20, na hora lembrei de Três Estranhos Idênticos, filme sobre o absurdo caso de trigêmeos que se encontram por acaso após serem separados no nascimento. E realmente: há ecos entre os filmes, ainda que esta nova produção tente seguir por um caminho de trazer mais reflexão.


A história deste novo documentário é sobre um colombiano, Jorge, que descobre, por meio de brincadeiras de colegas de trabalho, que tem um rapaz idêntico a ele trabalhando em um açougue ali perto, em Bogotá. As coisas ficam ainda mais complexas, porém, quando Jorge vê uma foto do rapaz com seu irmão: ele é idêntico ao próprio irmão de Jorge. Gêmeos trocados?


A partir daí, o diretor Alessandro Angulo começa a explorar os diferentes olhares sobre essa história. Começa quase como que se estivesse contando uma fofoca, se divertindo com o inusitado do caso; depois avança para um olhar mais trágico sobre a troca de gêmeos, tentando compreender todo o comprometimento emocional; e, por fim, a questão sociológica da coisa.


Nessas três frentes, uma funciona muito bem: quando Angulo está contando isso como se fosse uma comédia, rindo do absurdo da situação. É quando tudo aquilo parece ser tirado de um romance de realismo fantástico -- algo bastante pertinente para um filme passado na Colômbia.


Depois, o filme perde um pouco de fôlego quando começa a analisar o lado trágico da coisa. Obviamente, a história tem um lado muito triste, pensando na vida que esses envolvidos viveram e que podiam ter vivido. Só que essa análise trágica funciona apenas por um pedaço de tempo: como o sofrimento é praticamente igual entre os envolvidos, tudo fica muito repetitivo.


Assim, quando chega o momento de Irmãos por Acidente analisar como isso impacta a psicologia e a sociologia da coisa, o espectador já está menos envolvido com o que está passando na tela. Há menos importância -- as coisas foram tão repetitivas, que tudo parece banal. Mesmo com 1h22, o filme exagera na forma de contar e perde o encanto inicial.


Dessa forma, acaba ainda mais parecido com Três Estranhos Idênticos: o documentário de 2018, tão elogiado, traz também uma narrativa que não privilegia o absurdo da situação e, no fim, acaba sendo mais cansativo do que surpreendente. Não são filmes ruins -- pelo contrário, são boas histórias que merecem atenção --, mas que podiam ser contados de um jeito melhor.

 

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