É incrível, e até mesmo um pouco assustador, como a Netflix se repete em suas histórias, usando premissas absolutamente similares para filmar basicamente o mesmo roteiro. É o caso de Intrusion, um longa-metragem que parte da premissa de "invasão de domicílio" para falar mais profundamente sobre um relacionamento e o medo que pode existir sob o mesmo teto.
Lembrou de algo? Pois é: Intrusion, que chegou ao catálogo nesta quarta-feira, 22, parece muito com a mesma narrativa de Obsessão Secreta -- outro filme da Netflix. Dirigido por Adam Salky (Dramas Adolescentes) e roteirizado por Chris Sparling (Enterrado Vivo), o longa-metragem logo já busca deixar essa história da invasão de lado para se assumir, rapidamente, como paranoia.
Ao longo de pouco mais de 90 minutos, acompanhamos um casal (Freida Pinto e Logan Marshall-Green) que passa por uma experiência traumática de invasão de domicílio. Mas, no final, o marido mata os invasores -- numa virada que a esposa não esperava. E assim, de cara, começa uma história sobre paranoia dessa mulher com a vida que leva com o seu marido.
E a partir disso, que é uma história bem menos original e com menos possibilidade de tensão do que uma boa invasão a domicílio (vide O Quarto do Pânico, um dos melhores exemplares do gênero), vamos acompanhando um desenrolar que vai se desdobrando sem qualquer outra grande surpresa. A sensação é que com 15 minutos de filme já sabemos como ele vai acabar.
Com 45 minutos de filme, então, fica a sensação de que Sparling já entregou toda a história e não tem mais o que contar. Fica dando voltas ao redor de um fato quase que já clarificado.
É uma pena, assim, que um elenco competente seja desperdiçado assim, numa trama que até pode servir como passatempo, mas que nunca vai alcançar a tensão que almeja. Freida Pinto (Quem Quer Ser um Milionário), infelizmente, está cada vez mais caindo em furadas, sem explorar seu potencial. O mesmo vale para Logan Marshall-Green (O Convite), infelizmente.
Enfim: Intrusion é um longa-metragem que não consegue mostrar, nem mesmo com seu começo ou com suas opções narrativas, algum tipo de originalidade ou criatividade. Apesar de funcionar como algo para ver num final de dia, não surpreende, não é memorável, não marca. E a Netflix, assim, continua em sua epopeia de encher o catálogo com filmes que ninguém quer.
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