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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Ingresso para o Paraíso' é filme divertido, ainda que ultrapassado


Georgia (Julia Roberts) e David (George Clooney) se amavam -- casaram, planejaram o futuro e tiveram uma filha, Lily (Kaitlyn Dever). Hoje, a menina está crescida, enquanto Georgia e David deixaram o amor pra trás. Eles se odeiam. É aí que vem a cereja do bolo: a filha do casal viaja para Bali, para comemorar a formatura, e lá conhece um rapaz. Eles se apaixonam e decidem se casar. É aí que começa a história de Ingresso para o Paraíso, estreia desta quinta-feira, 8.


Dirigido por Ol Parker (de Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo), que também assina o roteiro ao lado de Daniel Pipski, o longa-metragem começa como uma comédia romântica às avessas, ainda que nunca esconda sua verdadeira vocação de celebrar o amor. Afinal, a trama fala sobre esse casal divorciado, aparentemente descrente no amor, que viaja para Bali com o objetivo claro de dissuadir a filha em casar com o rapaz. Uma jornada e tanto, do outro lado do mundo.


A partir daí, Parker adiciona na trama de Ingresso para o Paraíso uma série de artifícios já bem conhecidos de personagens que tentam sabotar alguma situação. Por mais que seja convencional, o longa-metragem acaba se destacando pela dinâmica de Clooney com Roberts, que se reuniram pela última vez em Jogo do Dinheiro, e que é deliciosa de ver em cena. Sacadas espirituosas, assim como "piadinhas internas", deixam tudo ainda mais divertido.

Vale dizer, porém, que a história e a direção do longa-metragem têm cheiro, cara e toda a pinta de um filme dos anos 1990 -- para o bem e para o mal. De um lado, várias piadas chegam carregadas de nostalgia. Parece que estamos assistindo a um bom filme em VHS de Roberts e Clooney que, cá entre nós, deixaram o brilhantismo de suas carreiras no passado. Se não rende verdadeiras gargalhadas, pelo menos traz inevitavelmente aquele sorrisinho de canto no rosto.


No entanto, pra o mal, Ingresso para o Paraíso também conta com uma carga perigosa de uma espécie de "colonialismo". Ainda que nem sempre dê lição de moral, acaba sendo desconfortável como o diretor britânico carrega algumas situações de preconceito. A cena dos caninos, totalmente aleatória dentro da trama, é carregada de preconceito, ainda que pareça ser uma ideia de mostrar mais da cultura de Bali. Sai de maneira torta, bastante desconfortável no geral.


Além disso, o final é agridoce. No geral é óbvio, caminhando para uma área bastante confortável para resolver a situação. Mas o roteiro acaba optando por um desfecho estranho para o casal interpretado por Clooney e Roberts -- parece que foi pressionado a terminar daquela forma. Não encaixa tão bem com o que foi contado até ali. Mas tudo bem. Apesar disso, Ingresso para o Paraíso é divertido e, no final das contas, é um passatempo honesto para ver nos cinemas.

 

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